Romance norueguês sobre amadurecimento e autoconhecimento que você ainda não viu, na Netflix Jakob Ingason / Netflix

Romance norueguês sobre amadurecimento e autoconhecimento que você ainda não viu, na Netflix

A vida guarda mistérios insondáveis, e entre eles, o amor se destaca como um dos mais imprevisíveis. Duas existências independentes, com trajetórias muitas vezes divergentes, podem, num instante inesperado, entrelaçar-se de maneira irreversível. Aquilo que antes parecia desbotado e sem direção ganha novas matizes, redefinindo significados e expandindo horizontes. Embora essa experiência possa se manifestar em qualquer fase da vida, é na juventude que ela atinge sua intensidade máxima. 

A pressa em absorver estímulos e a ânsia por descobertas fazem desse período um terreno fértil para transformações profundas. No entanto, viver não se resume a aguardar que o amor se imponha por si só, mas sim a se permitir descobrir, enfrentar medos e abraçar a própria essência, apesar dos percalços e das adversidades. Os enganos são inevitáveis, os tropeços fazem parte do percurso, mas o tempo se encarrega de revelar o que tem substância e merece permanecer, enquanto o efêmero se desfaz com a mais leve brisa.

Os diretores noruegueses Emilie Beck e Per-Olav Sørensen constroem, em “Royalteen” (2022), uma narrativa que oscila entre o sonho e a realidade, explorando os desafios e as contradições de um romance que, visto de fora, parece improvável. O filme se desenvolve em camadas, introduzindo gradualmente elementos que moldam sua trama. 

O roteiro de Sørensen e Ester Schartum-Hansen insinua, a princípio, uma história juvenil convencional, repleta de clichês habituais, mas logo revela intenções mais amplas, lançando um olhar atento sobre dilemas contemporâneos. A premissa remete a romances adolescentes previsíveis, mas sua execução, consciente de suas limitações, confere à obra um caráter genuíno e até surpreendente em certos momentos.

Lena, interpretada por Ines Hoysaeter Asserson, emerge na tela em estado de inquietação, como se intuísse as provações que a aguardam. Essa sensação de deslocamento, inicialmente fugaz, retorna com força à medida que a trama avança. Asserson imprime à personagem um equilíbrio sutil entre doçura e reserva, permitindo ao espectador captar sua vulnerabilidade sem que ela precise explicitá-la. 

Sua mudança de Oslo para um vilarejo distante não é mero capricho, mas consequência de eventos que preferiria manter no passado. Como tantas histórias da vida real, seu destino se entrelaça com o do jovem mais cobiçado da escola, não por características extraordinárias, mas por sua posição como príncipe herdeiro de uma monarquia que, embora simbólica, ainda carrega peso.

A relação entre Lena e Karl Johann – Kalle, vivido por Mathias Storhøi – nasce da amizade e rapidamente evolui para algo mais profundo. O romance, no entanto, se torna combustível para as engrenagens da mídia e da própria corte, que se veem diante de uma exposição indesejada. Com a doença da rainha e as crescentes pressões sobre o futuro monarca, a irmã de Kalle, Margrethe (Elli Rhiannon Müller Osborne), assume um papel central, manipulando informações para proteger o que considera a integridade da família real. 

Quando o segredo de Lena vem à tona, o foco do filme se desloca, centrando-se na princesa e nas consequências de suas ações. O desfecho, com Lena e Kalle no baile de formatura, sugere uma continuidade, reforçada pela última cena, que concede a Margrethe o protagonismo. Ainda que uma sequência possa parecer inevitável, a história já encontra seu próprio ponto de encerramento.A vida guarda mistérios insondáveis, e entre eles, o amor se destaca como um dos mais imprevisíveis. Duas existências independentes, com trajetórias muitas vezes divergentes, podem, num instante inesperado, entrelaçar-se de maneira irreversível. Aquilo que antes parecia desbotado e sem direção ganha novas matizes, redefinindo significados e expandindo horizontes. Embora essa experiência possa se manifestar em qualquer fase da vida, é na juventude que ela atinge sua intensidade máxima. 

A pressa em absorver estímulos e a ânsia por descobertas fazem desse período um terreno fértil para transformações profundas. No entanto, viver não se resume a aguardar que o amor se imponha por si só, mas sim a se permitir descobrir, enfrentar medos e abraçar a própria essência, apesar dos percalços e das adversidades. Os enganos são inevitáveis, os tropeços fazem parte do percurso, mas o tempo se encarrega de revelar o que tem substância e merece permanecer, enquanto o efêmero se desfaz com a mais leve brisa.

Os diretores noruegueses Emilie Beck e Per-Olav Sørensen constroem, em “Royalteen” (2022), uma narrativa que oscila entre o sonho e a realidade, explorando os desafios e as contradições de um romance que, visto de fora, parece improvável. O filme se desenvolve em camadas, introduzindo gradualmente elementos que moldam sua trama. 

O roteiro de Sørensen e Ester Schartum-Hansen insinua, a princípio, uma história juvenil convencional, repleta de clichês habituais, mas logo revela intenções mais amplas, lançando um olhar atento sobre dilemas contemporâneos. A premissa remete a romances adolescentes previsíveis, mas sua execução, consciente de suas limitações, confere à obra um caráter genuíno e até surpreendente em certos momentos.

Lena, interpretada por Ines Hoysaeter Asserson, emerge na tela em estado de inquietação, como se intuísse as provações que a aguardam. Essa sensação de deslocamento, inicialmente fugaz, retorna com força à medida que a trama avança. Asserson imprime à personagem um equilíbrio sutil entre doçura e reserva, permitindo ao espectador captar sua vulnerabilidade sem que ela precise explicitá-la. 

Sua mudança de Oslo para um vilarejo distante não é mero capricho, mas consequência de eventos que preferiria manter no passado. Como tantas histórias da vida real, seu destino se entrelaça com o do jovem mais cobiçado da escola, não por características extraordinárias, mas por sua posição como príncipe herdeiro de uma monarquia que, embora simbólica, ainda carrega peso.

A relação entre Lena e Karl Johann – Kalle, vivido por Mathias Storhøi – nasce da amizade e rapidamente evolui para algo mais profundo. O romance, no entanto, se torna combustível para as engrenagens da mídia e da própria corte, que se veem diante de uma exposição indesejada. Com a doença da rainha e as crescentes pressões sobre o futuro monarca, a irmã de Kalle, Margrethe (Elli Rhiannon Müller Osborne), assume um papel central, manipulando informações para proteger o que considera a integridade da família real. 

Quando o segredo de Lena vem à tona, o foco do filme se desloca, centrando-se na princesa e nas consequências de suas ações. O desfecho, com Lena e Kalle no baile de formatura, sugere uma continuidade, reforçada pela última cena, que concede a Margrethe o protagonismo. Ainda que uma sequência possa parecer inevitável, a história já encontra seu próprio ponto de encerramento.

Filme: Royalteen
Diretor: Emilie Beck e Per-Olav Sørensen
Ano: 2022
Gênero: Drama/Romance
Avaliação: 7/10 1 1
★★★★★★★★★★