A primeira série de fantasia da Netflix a ultrapassar 800 dias no Top 10 mundial Divulgação / Netflix

A primeira série de fantasia da Netflix a ultrapassar 800 dias no Top 10 mundial

É o fim de uma era. Ainda que “The Witcher” continue, a saída de Henry Cavill — depois de as gravações terem sido paralisadas por duas vezes, devido à pandemia de covid-19, entre 2020 e 2022, e à greve dos roteiristas, em 2023 —, marca um divisor de águas daqueles na série, que deve, sim, boa parte de seu êxito ao carisma magnético do astro, bem-distribuído entre carrancas quase doces e sorrisos sempre irônicos. Foi essa a tônica que por três temporadas fez com que todo mundo permanecesse interessado nas tantas desventuras de Geralt de Rivia, o personagem-título, o bruxo mais falado da cultura pop hoje. Nos três episódios finais, a célebre peruca branca ainda está sobre o crânio do intérprete que fez de Geralt um símbolo de renovação nas histórias sobre criaturas de um outro mundo: no caso, Aretuza, sede da escola de magia para jovens feiticeiras que aprendemos a amar. A partir de agora (se houver um agora), Liam Hemsworth é quem assume o posto, numa manobra sempre arriscada, que fere suscetibilidades e desperta alguns ódios gratuitos.

“The Witcher” retrocede a um episódio da primeira fase, quando Geralt enfrenta Sigismund Dijkstra, o mestre espião redaniano vivido por Graham McTavish. Depois de encarcerados, os magos de Aretuza tiveram os pulsos unidos por algemas de dimeritium, o que suprimiu seus poderes e deu azo à revolta que o feiticeiro vai liderar, numa última missão cheia dos ardis de que ele nem sempre se esquiva. Conchavos e maquinações nunca são o bastante, numa brava tentativa de se soprar uma lufada de novidade no enredo, mas a verdade é que as polêmicas colaterais são o de menos. A propósito, correu o boato de que Cavill entregou os pontos por não aguentar mais o volume de reviravoltas de seu personagem, o que quer dizer, por óbvio, ainda mais trabalho (leia-se gravações fora do previsto, extras e, o pior, ter de abrir de mão de papéis mais, digamos, estimulantes). Se ele se cansou das tramas e subtramas de Geralt de Rivia, sem dúvida um tiro certeiro da Netflix parido do romance homônimo que o polonês Andrzej Sapkowski publicara em 1986, há muita gente que ainda aposta na força do grandão.
Liam Hemsworth que o diga.


Série: The Witcher
Criação: Haily Hall, Lauren Schmidt Hissrich, Beau DeMayo e Andrzej Sapkowski
Anos: 2019-2021
Gêneros: Drama/Fantasia
Nota: 8/10

Giancarlo Galdino

Depois de sonhos frustrados com uma carreira de correspondente de guerra à Winston Churchill e Ernest Hemingway, Giancarlo Galdino aceitou o limão da vida e por quinze anos trabalhou com o azedume da assessoria de políticos e burocratas em geral. Graduado em jornalismo e com alguns cursos de especialização em cinema na bagagem, desde 1º de junho de 2021, entretanto, consegue valer-se deste espaço para expressar seus conhecimentos sobre filmes, literatura, comportamento e, por que não?, política, tudo mediado por sua grande paixão, a filosofia, a ciência das ciências. Que Deus conserve.