O romance fofo e encantador escondido na Netflix que é um remédio para dias ruins Divulgação / Netflix

O romance fofo e encantador escondido na Netflix que é um remédio para dias ruins

Apenas um dos dois protagonistas de “A Mala e os Errantes” tem plena clareza sobre seus objetivos e as razões para se envolver nas situações mostradas pelo filme de Adam Leon. No entanto, isso não é um problema. Lembrando um conto de fadas inapropriado para menores, sem nudez ou linguajar ofensivo, mas repleto de insinuações, o diretor conduz a narrativa com maestria, sempre apoiado nas imagens de uma Nova York que merece mais reconhecimento.

Essa cidade é retratada de maneira encantadora e iluminada, algo que a fotografia de Ashley Connor captura de forma irresistível. O longa de Leon é repleto de sutilezas, algumas destacadas pelo roteiro, escrito por Leon e Jamund Washington, e outras que o espectador descobre ao longo do desenvolvimento da história. A familiaridade com o cenário é construída pela dupla de jovens atores que lideram todas as subtramas ao longo dos breves 83 minutos, que passam de maneira tão prazerosa e rápida quanto um raio de sol atravessando a primeira nuvem de uma tempestade prolongada.

Morgan Faust e Sara Shaw aprimoram a sensibilidade de Leon em relação aos inúmeros detalhes visuais. Logo no início, uma pequena despensa abarrotada de mantimentos e uma mesa repleta de guloseimas sugerem que alguém gosta de cozinhar em uma casa simples, mas organizada. Não surpreende descobrir que Danny é o cozinheiro que prepara as refeições consumidas em silêncio melancólico com sua mãe, Ola, interpretada por Mariola Mlekicki, uma polonesa que só se comunica em seu idioma nativo.

O personagem doce e pacato de Callum Turner poderia ser facilmente desperdiçado em um filme tão curto, mas o diretor aprofunda o conflito que assola sua família, adicionando complexidade ao personagem. Mesmo preso, Darren, o irmão mais velho vivido por Michal Vondel, continua a se meter em problemas. Para se livrar da ameaça de um detento poderoso e ganhar algum dinheiro, ele aceita intermediar uma transação ilegal. Como esperado, é Danny quem acaba assumindo a responsabilidade, e a partir daí a outra peça do quebra-cabeça entra em cena.

Com mais experiência que seu colega, Ellie, interpretada por Grace Van Patten, gradualmente conquista a atenção do público. À medida que os dois se unem para resolver a confusão em que Danny foi envolvido pela incompetência, mas também pela vontade de resolver rapidamente o problema imposto por Darren, a dinâmica entre eles se intensifica.

Em um Altima vermelho emprestado por Scott, o fanfarrão vivido por Mike Birbiglia, eles seguem a única pista que têm em uma tentativa desesperada de recuperar o objeto que impulsiona a trama, num dos mais bem-sucedidos exemplos de MacGuffin no cinema, apesar de uma grave discrepância quanto à sua forma. Inevitavelmente, a descoberta do amor, tão puro que até dispensa um beijo, torna a vida desses desajustados um pouco menos ordinária, resultando em um filme encantador e despretensioso.


Filme: A Mala e os Errantes
Direção: Adam Leon
Ano: 2017
Gêneros: Comédia/Romance
Nota: 8/10