A comédia romântica que fez as pessoas chorarem as salas de cinemas, na Netflix Ben Rothstein / Twentieth Century Fox

A comédia romântica que fez as pessoas chorarem as salas de cinemas, na Netflix

A adolescência é um período peculiar na vida de qualquer pessoa. Mudanças hormonais intensas, o surgimento de pelos por todo o corpo, a presença incômoda de acnes, alguns jovens ganhando peso rapidamente, enquanto outros crescem quase da noite para o dia, tudo isso acontecendo enquanto o mundo externo parece um caos constante.

Esse mundo em ebulição, com sua mistura de luzes e sombras, despeja sua insanidade sobre mentes ainda em formação e espíritos vulneráveis. No meio desse turbilhão, há tempo para descobertas pessoais importantes, muitas vezes assustadoras, mas igualmente necessárias. É nesse contexto que Greg Berlanti convida o público para uma jornada com “Love, Simon”.

A trama segue Simon, um jovem que aceita sua homossexualidade, mas teme o julgamento daqueles que ainda não a conhecem — pessoas que, na verdade, não deveriam influenciar sua vida. A história, adaptada do livro “Simon vs. the Homo Sapiens Agenda” de Becky Albertalli, transforma uma narrativa fria em uma conversa calorosa e bem-humorada entre pais e filhos sobre a aceitação e os desafios da identidade sexual, temas que continuam urgentes e relevantes.

No roteiro, trabalhado por Isaac Aptaker e Elizabeth Berger junto com Albertalli, o protagonista ganha vida ao confrontar medos muito reais com a ajuda do amor.

A vida é composta por uma série de medos, expectativas, pressões e alegrias que muitas vezes sentimos como obrigações ao universo — um universo que, na verdade, é indiferente às nossas lutas internas e não se importa com nossas necessidades mais íntimas. Esses dilemas existenciais, que nos acompanham em diferentes fases, variam de profundidade e impacto, mas sempre contribuem para o tumulto que é viver.

A sensação de não pertencer, de estar constantemente em situações desconfortáveis e fora de controle, muitas vezes autoinfligidas, tende a se suavizar com o tempo. Com a maturidade, aprendemos a lidar melhor com esses sentimentos. Até lá, Simon vive na confortável casa de seus pais, Emily e Jack, interpretados por Jennifer Garner e Josh Duhamel, que o amam incondicionalmente.

Sua relação com a irmã mais nova, Nora, interpretada por Talitha Eliana Bateman, é tranquila, e ele é o destaque nas aulas do clube de teatro da escola. Esses elementos são cruciais para compreender o conflito central de Simon, que nunca duvida de sua orientação sexual, mas enfrenta medos ocultos e vergonhas.

Berlanti infunde no filme a atmosfera de um genuíno drama juvenil ao desenvolver o conflito que coloca Simon no centro das atenções e revela sua homossexualidade. Isso, por sua vez, expõe também a identidade de Blue, o rapaz com quem Simon mantém uma troca de mensagens sob o pseudônimo de Jacques.

A leveza e a autenticidade com que Nick Robinson interpreta Simon são parte fundamental do charme de “Love, Simon”. Sem trivializar os desafios de Simon, ele aborda o personagem com uma delicadeza rara, especialmente em temas tão sensíveis. A leveza, afinal, é um recurso cada vez mais escasso, e “Love, Simon” é uma prova de que é possível tratar de questões profundas com um toque sutil e humano.


Filme: Love, Simon
Direção: Greg Berlanti
Ano: 2018
Gêneros: Romance/Comédia/Coming-of-age
Nota: 8/10