Prefira sua essência à aparência. O mundo não suporta mais tantos idiotas

Prefira sua essência à aparência. O mundo não suporta mais tantos idiotas

Abomino o meio-termo. A superficialidade me faz arrepiar a espinha. Da boca pra fora, só aceito beijo ardente. Do peito pra dentro, não me entregue nada além das vísceras. Vem, mas vem com o coração na mão! Sentimento é coisa séria! Não precisa de contornos, palavras frouxas e artifícios frívolos para disfarçar o sentir. Comigo não cola!

São tempos secos. Da caatinga esnobando a chuva. São tempos placebos da aparência. De voos rasteiros, mergulhos rasos. Das relações e sentimentos que navegam em um espelho-engano-d’água. Tempos de cobertor curto, onde se esconde a cara e sobressaem os dedos dos pés. Tempos da cobiça ao instante furtivo. Da saudade que não se mata. Do amanhã eu ligo. Do depois a gente marca. Tempo do conhecimento de superfície. O mundo inteiro já leu, tem opinião ou sabe sobre todas as coisas.

Quero minha parte em verdades. Encontros, beijos, risadas, olho lá no fundo. Quero escolher meus discos sem consultar a crítica. Prefiro a dor, os tropeços, os deslizes, a ter que ficar em cima do muro com tantos “poréns”. Quero qualquer coisa que sinta, até mesmo a raiva, desde que ela seja verdade. Não almejo fazer bonito pra ninguém! Quero mesmo é ficar linda, toda enfeitada por dentro. A superficialidade é defesa dos que não suportam se responsabilizar por seus saltos. Quem não rala o joelho nunca saberá o que é conseguir saltar do muro da dissimulação.

Com o tempo os truques ficam batidos, não convencem. Trocar de máscara todas as manhãs não engana mais ninguém. Em sono profundo, lá no buraco do sonho, o fingimento vai perturbar. Viver em permanente simulação é tortura. Além do mais, o brilho das particularidades de cada um permanece disfarçado em meio à superficialidade do jogo social. Mais cedo ou mais tarde, a ficção torna-se incapaz de suportar a realidade.

Não me interessa esse chove-e-não-molha. Prefiro qualquer coisa atrevida. Trocar as lâmpadas dos vaga-lumes, contar as incontáveis pintas do céu das tuas costas estreladas, deixar purpurina no seu paletó, ou mesmo escorregar pra sempre nos meus próprios sonhos. Gosto da entrega. De apertar forte a pele das costas. Gosto das mãos segurando a nuca, distraindo meus problemas. Gosto da liberdade de ignorar certos comentários. Portanto não me convide para uma festa, se eu não puder dançar descalça. Ao calejar os pés dos sentimentos, descobri que ninguém morre de tanto viver.