Rua General Marquês de Visconde

Rua General Marquês de Visconde

Eu cismo com os nomes de rua no Brasil. Mania de dar nome de gente para as ruas. E pior: nem sempre é nome só de gente, as vezes é nome de político.  Nada mais típico na política brasileira do que usar o poder para homenagear amigos e correligionários, figuras que as vezes tem importância efêmera, cujo nome será rapidamente e, na maioria das vezes, justamente esquecido.  Mas a rua sobrevive carregando o seu nome para sempre, sem que ninguém mais saiba quem foi a figura.

A quantidade de ruas com nome de marquês, duque, conde e visconde é impressionante. Também tem um monte de avenidas e ruas com nome de general, almirante e coronel. Capitão e tenente são mais difíceis, mas tem. Na área dos cargos políticos tem rua presidente, rua governador e rua senador. Deputado tem menos, vereador quase nenhuma rua, talvez uma travessa.

Falo da minha cidade, o Rio de Janeiro, mas acho que a questão é nacional. Já morei em três ruas com nome de general. General Barbosa Lima, General Tasso Fragoso e General Góis Monteiro. Todo dia de manhã, quando saía de casa eu batia continência. Também morei em uma rua que se chama Avenida Visconde de Albuquerque. Quem foi esse cara? Pesquisei no Google e “me lembrei”. O cara era pernambucano e foi político no século 19. Chegou a ser ministro de estado na década de 1830 e o seu maior feito foi perder a eleição para regente. 

Ou seja: O Visconde mal merece um lugar nos livros de História. Por que nomear uma avenida com o seu nome? 

Prefiro nomes como a rua Tubira no Leblon. A explicação do nome é prosaica: Dizem que se deve a um português que morava ali e que, quando lhe perguntavam onde ficava algum lugar, ele explicava o caminho assim: “Tu bira ali, depois tu bira lá…”.  Então virou a rua do Tubira.

Gosto desse nome, tem uma história engraçada, até poética, que me faz simpatizar com a tal ruazinha. Ela é uma transversal da Avenida Bartolomeu Mitre, que foi um militar da guerra do Paraguai, matou gente pra caramba e ainda por cima era argentino! Aliás, a quantidade de ruas no Leblon com nomes de generais argentinos e uruguaios é enorme! Parece até que a Guerra do Paraguai aconteceu ali, entre a rua general Urquiza e a rua General Artigas!

É claro que não precisamos exagerar no minimalismo ao nomear as nossas ruas, como fez Nova York, que tascou simplesmente rua 1, rua 2, rua 3, esquinas com avenida 1, avenida 2 e avenida 3. Mas eu aposto com vocês que já teve autoridade pensando em imitar a Big Apple e colocar os nomes das nossas ruas desse jeito também.

Só que aqui certamente seriam Rua Marquês 1, Avenida Senador 2, Praça General 3 e Largo Presidente 4!