Produzido por Steven Spielberg, filme de ação que acaba de chegar na Netflix vai fazer seu cérebro girar Divulgação / DreamWorks

Produzido por Steven Spielberg, filme de ação que acaba de chegar na Netflix vai fazer seu cérebro girar

Mimi Leder é diretora com mais de 40 filmes e séries no currículo, entre os quais estão “Impacto Profundo” e “Corrente do Bem”, além de séries dramáticas como “West Wing” e “The Morning Show”. Em “O Pacificador”, que está na Netflix, que tem roteiro de Leslie Cockburn, Andrew Cockburn e Michael Schiffer, ela reúne duas das maiores celebridades dos anos 1990, George Clooney e Nicole Kidman, para formarem uma dupla de agentes incumbidos de rastrear armas nucleares russas para que não sejam usadas em ataques terroristas.

Mas este filme de 50 milhões de dólares, produzido pela DreamWorks, não é particularmente original ou especial. Seu enredo, como já adiantado, se resume ao herói em busca do McGuffin, qualquer dispositivo ou objeto utilizado em filmes para motivar o duelo entre mocinhos e bandidos, antes que o caos seja implantado nos Estados Unidos. E, não surpreendentemente, os vilões aqui são russos. O ataque planejado é uma vingança porque assassinatos de pessoas importantes para eles, na Bósnia, foram ignorados.

Thomas Devoe (Clooney) é um militar e agente do FBI, enquanto Julia Kelly (Kidman) é uma especialista de armas nucleares que trabalha para o governo americano. Os dois passam boa parte do tempo batendo boca a respeito de autoridade, porque ambos querem dar as ordens, mas Devoe é machão demais para obedecer uma mulher. Então, precisa mostrar que ele está no comando. Ao mesmo tempo, a personagem de Nicole Kidman parece forçar a barra demais para parecer durona. O vilão é Dusan Gavrich (Marcel Iures), que acredita estar honrando aqueles que morreram na ex-Iuguslávia.

O filme parece um quebra-cabeça de sequências de ação. Várias foram montadas, então a diretora uniu elas de forma que fizessem sentido. Mas assim não são todos os filmes de ação? Pelo menos a maioria deles, sim. A história não precisa ter muita profundidade ou fazer muito sentido, desde que se tenha motivos suficientes para impulsionar os personagens. Leder ganhou dois prêmios Emmy, ela sabe bem de entretenimento. Talvez por isso mesmo tenha pegado uma receita enlatada e feito o público engolir goela abaixo com “O Pacificador”.

Isso quer dizer que o filme não funciona? De forma alguma. Funciona, porque contém tudo que o espectador que só quer um entretenimento despretensioso em conteúdo, mas extravagante em ação. Os personagens são simplistas demais. O enredo, de um modo geral, é raso. Mas “O Pacificador” é um filme com cenas de ação longas, complexas, bem-feitas.

O problema deste filme é que para funcionar como apenas entretenimento, que é o que se propõe, deveria ser mais enxuto. Ao contrário disso, ele é extenso demais. Com mais de duas horas de duração, sem muito conteúdo, vai se tornando cada vez mais difícil seguir adiante. A culpa não é Nicole Kidman ou George Clooney, que são excelentes atores e puderam demonstrar, na medida do possível, neste filme. A carreira de Clooney, inclusive, que ainda estava em ascensão nesta época, decolou pouco depois.


Filme: O Pacificador
Direção: Mimi Leder
Ano: 1997
Gênero: Ação
Nota: 8/10

Fer Kalaoun

Fer Kalaoun é editora na Revista Bula e repórter especializada em jornalismo cultural, audiovisual e político desde 2014. Estudante de História no Instituto Federal de Goiás (IFG), traz uma perspectiva crítica e contextualizada aos seus textos. Já passou por grandes veículos de comunicação de Goiás, incluindo Rádio CBN, Jornal O Popular, Jornal Opção e Rádio Sagres, onde apresentou o quadro Cinemateca Sagres.