Último dia para assistir, na Netflix, a um dos filmes mais queridos da história do cinema Divulgação / Paramount Pictures

Último dia para assistir, na Netflix, a um dos filmes mais queridos da história do cinema

Lançado em 1995 e dirigido por Amy Heckerling, “As Patricinhas de Beverly Hills” inicialmente correu o risco de ser categorizado como mais um filme adolescente focado em temas como moda e popularidade. Contudo, o filme se distancia dessa classificação ao oferecer um comentário social sobre a juventude afluenta. A protagonista, Cher Horowitz, interpretada por Alicia Silverstone, é apresentada como uma personagem multifacetada, contrapondo estereótipos de superficialidade.

Uma dimensão interessante é a intertextualidade com o clássico “Emma”, de Jane Austen. Esta escolha literária situa os dilemas sociais e morais dos personagens no contexto mais amplo das questões que também preocupavam a sociedade do século 19 de Austen. A personagem Cher, assim como Emma, se mostra bem-intencionada, mas suas interferências na vida amorosa dos outros muitas vezes resultam em complicações.

O elenco de apoio contribui para a complexidade da narrativa. Paul Rudd, no papel de Josh, serve como um contrapeso moral à cultura de Beverly Hills, enquanto Brittany Murphy, como Tai, representa um desafio ao desenvolvimento pessoal de Cher.

Tecnicamente, o filme serve como um retrato fiel dos anos 90, mas não se apoia unicamente em elementos culturais da época para sustentar sua narrativa. A cinematografia e o design de produção são eficientes, embora discretos, mantendo o foco na trama e nos personagens. A trilha sonora complementa a história, sem dominá-la.

Contudo, o filme apresenta algumas limitações. Seu alcance é confinado à elite de Beverly Hills e pouco faz para abordar questões mais amplas de diversidade e classe social. Além disso, sua postura em relação ao materialismo e ao consumismo permanece ambígua.

Apesar dessas limitações, o impacto do filme persiste. Ele vai além de ser uma comédia adolescente para abordar questões mais universais como identidade, pertencimento e as complexidades da adolescência. Isso permite que “As Patricinhas de Beverly Hills” tenha relevância além de seu contexto temporal e cultural, ressoando com audiências diversas.


Filme: As Patricinhas de Beverly Hills
Direção: Amy Heckerling
Ano: 1995
Gênero: Romance/Comédia
Nota: 9/10