Um dos filmes mais caros da história do cinema está na Netflix e você não assistiu Niko Tavernise / Paramount Pictures

Um dos filmes mais caros da história do cinema está na Netflix e você não assistiu

Para boa parte da humanidade, a bíblia se estabeleceu como verdade absoluta, um fragmento da história da humanidade e um manual de comportamento. Um dos personagens mais conhecidos do Velho Testamento é Noé, até porque sua narrativa é uma das mais extraordinárias e surreais de todo o livro. Segundo conta, ele foi responsável pela construção de uma arca, após receber uma revelação divina, onde abrigou um casal de cada espécie de animal durante um dilúvio que matou todas as demais criaturas vivas terrestres.

Darren Aronofsky é um dos cineastas contemporâneos mais influentes e adorados, mas o conjunto de sua obra mistura alguns trabalhos duvidosos, outros polêmicos e umas obras-primas. Ou, talvez, a mistura das três coisas juntas. Suas produções mais famosas são “Réquiem para um Sonho”, “O Lutador”, “Cisne Negro” e seu mais recente, “A Baleia”, que deu o Oscar de melhor ator para Brendan Fraser.

Um de seus trabalhos mais apagados foi exatamente o filme que narra a história bíblica de Noé. É sempre difícil traduzir fé para as telas. Mel Gibson foi um dos mais bem-sucedidos com “A Paixão de Cristo”, mas este, definitivamente, é um trabalho complexo. É preciso encontrar um equilíbrio entre a razão e sensibilidade para não transformar tudo em uma fantasia grotesca e ofensiva.

Sua versão tem prós e contras. Entre as qualidades, está a atuação de Russell Crowe, que é de uma entrega e delicadeza inigualável. Há uma honestidade no olhar, no tom da voz e em seus movimentos que nos fazem acreditar plenamente no que estamos assistindo. O elenco ainda ganha reforço de Anthony Hopkins, Jennifer Connelly, Logan Lerman e Emma Watson, que dão ainda mais peso para as atuações.

O problema é que esteticamente o filme é feio. Os efeitos especiais não parecem realistas o bastante e isso tira boa parte da imersão. É impossível se entregar quando a gente não consegue parar de criticar os defeitos enquanto assiste. E, olhem, é um filme de 2014. Não dá para dizer que o filme envelheceu. Mesmo naquele ano, o visual foi criticado pelo The Guardian, Slate, Indie Wire e outros.

Faltou mais zelo de Aronofsky? Seria leviano dizer. À época, ele contratou a Industrial Light and Magic para criar e executar o design de arte. A equipe teve de percorrer todo o reino animal e recriar inúmeras espécies. Embora os cenários fossem reais, boa parte do filme foi feito em CGI e isso pesou muito no resultado final: cores saturadas, desenhos feios e animações extravagantes (negativamente). Apesar do orçamento gigantesco de 120 milhões de dólares, a obra tem cara de filme barato. Pelo menos o lucro mundial ultrapassou os 300 milhões.

Apesar da história bíblica, Aronofsky realmente se inspirou na HQ “Noé: Pela Crueldade dos Homens”. Ele recrutou Niko Henrichon e Ari Handel para ajudá-lo a adaptar o livro para as telas. Segundo o diretor, a escolha por fazer um filme da vida de Noé se deu pelo fato de que o personagem o fascina desde a infância, já que é um sombrio e complexo e que carrega a culpa de ter sobrevivido. Se você é entusiasta da bíblia, tem o dever de assistir essa obra.


Filme: Noé
Direção: Darren Aronofsky
Ano: 2014
Gênero: Ação/ Aventura / Drama
Nota: 6/10