A cultura asiática está cada vez mais popular mundialmente, ocupando patamares que antes eram exclusivos dos norte-americanos. Antes, as histórias em quadrinhos tinham legiões de fãs. Agora, adoradores de mangás dominam os espaços de leitura. Animes, como “Pokemon”, “Dragon Ball Z” e “Sakura Card Captors” ocuparam boa parte das nossas manhãs na infância, em meio aos desenhos da Disney, Warner Bros. e Hanna Barbera. Os doramas, novelas sul-coreanas, são grandes sucessos de audiência dos streamings, se equiparando às séries estadunidenses. E, para finalizar, o k-pop hoje é a maior tendência de música do momento. De umas décadas para cá, o imperialismo norte-americano foi forçado a se curvar aos sucessos dos países asiáticos.
“Bleach”, filme de 2018, dirigido por Shinsuke Sato, é baseado no mangá homônimo de enorme sucesso, criado por Tite Kubo. No enredo, Ichigo (Sôta Fukushi) é um adolescente de ensino médio que, desde criancinha, vê espíritos. Mas, até um certo ponto de sua vida, não tinha desenvolvido superpoderes além dos de mediunidade. Até que uma noite, um Hollow (um demônio gigante) invade sua casa e tenta atacar sua família. Ichigo consegue enxergar Rukia (Hana Sugisaki), uma ceifeira de almas, que luta contra a entidade maligna. Ela acaba gravemente ferida e, sem poder lutar, transfere seus poderes para Ichigo para que ele possa combater o demônio.
Ichigo, então, se apropria, sem querer, dos poderes de Rukia, que aparece disfarçada de humana em sua escola, no dia seguinte. Ela precisa recuperar as habilidades para poder retornar para o mundo sobrenatural. No entanto, o corpo de Ichigo está fraco e não suportaria transferir novamente os poderes para Rukia. O problema é que se ela não os recuperar, será punida com a morte, já que o que ela fez é considerado um crime dentro de Sociedade das Almas.
Desenvolvendo um relacionamento de irmandade com Ichigo, Rukia se rebela contra os seus e, então, com o novo amigo, precisa combater os shinigamis (entidades espirituais) de alta patente que chegam ao mundo humano para puní-los. É uma verdadeira luta de Davi contra Golias, que mostra a lealdade entre Ichigo e Rukia e sua coragem, perseverança e disciplina de treinamento.
Com cenas de humor, melodrama, aventura e muita ação, “Bleach” é uma diversão e tanto para quem adora mangás, animes e toda sorte de entretenimentos asiáticos. De lutas minuciosas e audaciosas aos figurinos e monstros, há uma cultura japonesa muito arraigada e encantadora que eleva nossas fantasias para lugares inexplorados.
Com uma riqueza de detalhes, a história também surpreende fãs de fantasia acostumados com universos gigantescos, idiomas e etnias fictícias minimamente elaboradas, como de “Harry Potter”, “Senhor dos Anéis” e “Star Wars”. “Bleach” também é criado com muitos detalhes e bastante inteligência e imaginação.
O ponto negativo dessa produção são os efeitos especiais, que ainda parecem bem crus perto dos hollywoodianos, mas em nada prejudica a qualidade da história. Não foi sem pressão e muito nervosismo que Shinsuke Sato deu vida à essa narrativa, que já tinha fãs muito exigentes e obsessivos, mesmo ele tendo adaptado, também, o outro sucesso “Death Note”, em 2016.
Filme: Bleach
Direção: Shinsuke Sato
Ano: 2018
Gênero: Aventura/Ação/Fantasia
Nota: 7/10