Baseado em clássico da literatura, uma das mais belas histórias de amor de todos os tempos está na Netflix Focus Features / Universal Pictures

Baseado em clássico da literatura, uma das mais belas histórias de amor de todos os tempos está na Netflix

O diretor Joe Wright esteve por trás de belas obras cinematográficas, como “O Destino de Uma Nação”, “O Solista”, “Orgulho e Preconceito” e “Desejo e Reparação”, sendo os dois últimos protagonizados por Kiera Knightley, também sua colaboradora em “Anna Karenina”, lançado em 2012.

Baseado na obra homônima do escritor russo, um dos maiores de todos os tempos, Liev Tolstói, o filme de Wright é cuidadosamente pintado sobre a tela, com uma preocupação estética e um desejo por experimentar novas texturas. A partir disso, ele decidiu filmar “Anna Karenina” de dentro de um teatro construído em Shepperton, a alguns minutos de distância de Londres.

O enredo da história é conhecido. É 1874, ainda durante a Rússia imperialista, quando Anna Karenina viaja até Moscou para ajudar o irmão, o príncipe Oblonsky, a salvar seu casamento, após ser infiel. Anna é casada com o conde Alexei Karenin, mas a rotina de quase dez anos de matrimônio esfriou a relação. Quando ela conhece o conde Vronsky, um oficial do exército que está prometido à irmã da cunhada de Anna, eles imediatamente se sentem atraídos um pelo outro. Conforme se encontram, fica difícil controlar o desejo avassalador que os toma, mas o deslize será a ruína de todos, especialmente de Anna, em uma sociedade conservadora e machista.

Enquanto as transições de cena ocorrem com trocas de fundos de cenários teatrais, os personagens se movem em um balé coreografado. Há um certo exagero proposital nas atuações, especialmente nas cenas dramáticas, que remete justamente à essa espetacularização da vida aristocrática. Eles são o centro da sociedade em uma peça da vida acompanhada por todos. Jogos de luzes nos dizem os momentos de tensão e drama. As roupas pomposas reforçam o exagero e as canções folclóricas querem nos alavancar dos nossos sofás direto para a Rússia de Tolstói.

Em uma bela cena do baile em que Anna e Vronsky se apaixonam, o cenário está congelado, todos os convidados não se movem, mas conforme o casal passa por eles dançando, é como se o mundo ganhasse vida e voltasse a se movimentar novamente em uma metáfora à paixão, que torna o mundo um lugar mais vivo e colorido. Mas ao fim da dança, Anna olha no espelho e vê o reflexo de um trem a atropelando, um vislumbre das tragédias que essa nova paixão poderá promover em seu futuro.

Embora gire em torno do romance proibido de Anna e Vronsky, há vários arcos dentro da narrativa e muitos personagens, o que é comum na literatura russa. Se não leu o livro, é preciso acompanhar cada diálogo para não se perder no caminho.

É interessante olhar pelo aspecto da visão ousada e inovadora de Wright, que já é um homem acostumado a produzir excelentes romances épicos. Mas em “Anna Karenina” ele decide desviar dos caminhos previsíveis e se aventurar por rotas desconhecidas, explorando uma visão mais artística e criativa. E é preciso destacar o quanto esse filme é um deleite para os olhos.

O elenco conta com muitos nomes conhecidos. Além de Knightley, há também Aaron Taylor-Johnson, Jude Law, Matthew Macfadyen, Kelly Macdonald, Domhnall Gleeson, Alicia Vikander, Emerald Fennell, Emily Watson, Bill Skarsgård e Cara Delevingne.


Filme: Anna Karenina
Direção: Joe Wright
Ano: 2012
Gênero: Romance/Drama
Nota: 8/10