O novo romance de Cormac McCarthy

O novo romance de Cormac McCarthy

Cormac McCarthy, de 89 anos, escreveu um romance tão bom, mas tão bom, que quase esmagou outras obras notáveis de sua autoria. “Meridiano de Sangue” é uma espécie de Shakespeare carnavalizando e chafurdando pelo Oeste americano. Um Oeste tão brutal quanto mítico. A história impressionante é complementada por uma linguagem idem. William, o britânico, se pudesse, diria: “Renasci”. E acrescentaria: “Eu e Hamlet, eu e Lear”. O juiz Holden talvez seja filho do autor de “Otelo” e do Dostoiévski de “Crime e Castigo” e do “Faulkner” de “Luz em Agosto” ou de “Absalão, Absalão”. Talvez um pouco mais brutal. Porque há pouca tão brutal quando a história deste romance singular, que talvez reinvente Faulkner, e não para ser igual ao William americano, e sim para ser Cormac McCarthy mesmo, uma voz única.

Então, apesar da excelência de “Meridiano de Sangue” (que li quando ainda era, no Brasil, “Meridiano Sangrento”), é preciso dar uma chance aos demais romances de Cormac McCarthy. Porque há uma qualidade média, a ser redescoberta, em quase todos (o único que não me empolga é “A Estrada”).

Agora, a Alfaguara prepara o lançamento de “O Passageiro” (“The passenger”), de Cormac McCarthy, com 392 páginas e tradução do exímio Jorio Dauster. O lançamento está previsto para 14 de dezembro de 2022. Mas já pode ser adquirido no site da Companhia das Letras.

A Amazon informa que “Stella Maris” será publicado em dezembro deste ano. Em inglês, tem 242 páginas. Pois é: entrei na fila para ler “O Passageiro”. Mas não estou em busca de um novo “Meridiano de Sangue”, e sim de um novo grande romance de McCarthy.