Esquece esse “Round 6” chato e vai ver coisa que presta

A melhor série disponível na Netflix no momento não foi badalada na mídia e nem ganhou uma legião estridente de fãs no Twitter.  Também não tem empregada doméstica americana se ferrando feito uma Regina Cazé e nem sul-coreano participando de jogos mortais para ganhar uns trocos. Mas tem diversos monstros bizarros, tramas alucinadas e um visual surpreendente e revolucionário, algo que faz cada vez mais falta ao audiovisual mainstream. Estamos falando de “Oats Studios”, uma série de 11 curtas-metragens de horror e ficção científica desenvolvidas pelo estúdio independente que dá nome ao projeto.

O Oats Studios funciona no Canadá, mas foi fundado pelo cineasta sul-africano Neill Blomkamp, diretor de “Elysium” e “Chappie”, mas que ficou mundialmente conhecido pelo ótimo “Distrito 9”, de 2009, primeiro filme de ficção científica a abordar o drama dos refugiados e expatriados. No caso, refugiados alienígenas que são obrigados a viver numa imensa favela em Joanesburgo, a maior cidade da África do Sul. 

Com o Oats Studios, a ideia de Neill Blomkamp era fazer uma produtora de cinema totalmente “autossuficiente”, que produzisse tudo em casa, sem necessidade de buscar mão de obra externa. Com isso, a empresa virou uma espécie de laboratório e precisou desenvolver várias técnicas mistas e experimentais nas áreas de animação, live action, desenho de produção e efeitos especiais. O resultado é um pouco esquisito e desigual, mas também instigante e diferente de tudo o que está rolando por aí.

O Oats Studios foi criado em 2017 e os primeiros cinco anos de esforços e invenções podem ser assistidos na série disponibilizada pela Netflix. Os vídeos também podem ser vistos no YouTube e no site da produtora. São 11 contos curtos de terror e ficção científica que lembram as histórias assustadoras das revistas clássicas do gênero nos anos 70, como a “Krypta” (no Brasil) e a “Eerie” (nos Estados Unidos). O desenho de produção de todos os curtas-metragens é sempre inventivo e inusitado, especialmente na confecção dos monstros bizarros que povoam cada história.

E o melhor de tudo é que os episódios são curtinhos e dá pra ver todos os curtas-metragens em apenas uma noite. Os destaques vão para “Firebase”, “Zygote” e “Bad President”, mas todos merecem uma espiada. Pode acreditar: o futuro do cinema de horror e ficção científica está nesses minifilmes grotescos e absurdamente inovadores.