5 filmes subestimados na Netflix para dar um tempo nos problemas e aproveitar o final de semana Niko Tavernise / Paramount Pictures

5 filmes subestimados na Netflix para dar um tempo nos problemas e aproveitar o final de semana

Malgrado fundamental para a vida em sociedade, a fim de suportarmo-nos uns aos outros, a política não tem quase nada de prazeroso — a não ser para os políticos profissionais, claro, que mesmo depois que cinquenta anos na atividade, não conseguem largar o osso, tão absorvidos estão pela atmosfera nebulosa que o poder emana. A política vicia, disso todos sabemos, eles mais que nós. A tentativa de se estabelecer alguma ordem que reja o caos da natureza humana, que apenas reflete a biologia — indisciplinada, selvagem, caótica —, é a função precípua do expediente político, sem o qual os indivíduos já teriam regredido novamente à barbárie da Idade Média (476-1453), ou ainda à violência cândida da Idade da Pedra, em que o homem matava “apenas” para defender-se dos inimigos que ameaçavam seu território, a pureza de suas mulheres ou o desenvolvimento de sua prole, tão cômodo se encontrava em tal cenário que nele permaneceu por quase três milhões de anos. Aceitar o outro não como o concebemos, mas da forma que ele é de fato, almejando intimamente que se arrependa de suas faltas e mude, de postura, de comportamento, mude sua forma de ver a vida, mude de vida, enfim, enquanto nos policiamos a fim de não nos tornarmos ranzinzas, preconceituosos, intolerantes, é uma tarefa inglória, mas que pode ser também muito reconfortante. Compreender as outras pessoas, dar-lhes uma palavra de incentivo, um sorriso franco, desarmado, sem receio de ser tachado de doido, destinar-lhes um olhar de bondade que seja, muitas vezes exige de nós tamanho sacrifício que é como se fizéssemos mesmo uma longa viagem para aquela vida, em que, as circunstâncias que consideramos as mais absurdas são o que pode haver de mais corriqueiro. Daí ser tão complexa a vida do ser humano, sempre envolta em centenas de questões, milhares de problemas, dos quais só somos capazes de nos livrarmos na medida em que acessamos o mais obscuro do espírito, primeiro o nosso, para a partir dessa experiência termos consciência uns dos outros. O homem está sempre precisando de alguém que o salve, eis a sua desgraça — e a sua redenção. Num mundo pré-apocalíptico, em que ainda havia algo a ser feito, Deus se compadeceu do gênero humano. Bem, do homem exatamente, não, mas de um homem, e sua descendência. Em “Noé” (2014), o diretor Darren Aronofsky dá a sua versão para a narrativa do bíblico “Gênesis”, um filme que encanta qualquer um. Para deixar os enroscos do dia a dia de lado de uma vez por todas e aproveitar a folguinha na semana, só acompanhando as trapalhadas de um herói como a gente não está habituado a encará-los. Peter Parker continua firme na missão de acudir a humanidade e livrá-la da sanha de facínoras os mais diversos, mas em “Homem-Aranha: De Volta ao Lar” (2017), Jon Watts parece igualmente propenso a revelar um certo lado de seu protagonista que talvez só uns poucos fãs mais devotados conheçam. “Noé”, “Homem-Aranha: De Volta ao Lar” e outras três produções, lançadas entre 2019 e 2014 e disponíveis na Netflix, têm o condão de nos resguardar da guerra da vida, ainda que com enredos nem tão pacíficos assim. O fim de semana é todo seu, mas não se esqueça de que com grandes poderes, vêm junto grandes responsabilidades, hem?

Imagens: Divulgação / Reprodução Netflix