Os protestos nos Estados Unidos, contra a morte de George Floyd, trouxeram à tona novamente o debate contra o racismo. O preconceito racial permanece intrincado na sociedade e nas instituições governamentais, como uma herança do passado escravocrata. Ao longo da história, os negros foram subestimados e humilhados de várias formas. Mas, alguns episódios envergonharam os racistas e deram esperança aos que sempre acreditaram na igualdade civil. A Bula reuniu em uma lista dez fotografias históricas de líderes e ídolos negros que expuseram a barbárie do segregacionismo. Entre os retratados nas imagens, estão o velocista Jesse Owens, que ganhou quatro medalhas na Alemanha Nazista, e Franklin McCain, que se sentou numa lanchonete para brancos e recusou-se a sair, incitando protestos em todos os EUA na década de 1960.
No início da década de 1920, o Vasco da Gama começou a incluir jogadores negros e de classes menos favorecidas. Os clubes rivais, incomodados com a ascensão do Vasco, criaram uma nova liga de times cariocas, que proibia a participação de jogadores negros. Para entrar na organização, o Vasco teria que excluir 12 pessoas do time. Então, o clube divulgou um comunicado que ficou conhecido como “Resposta Histórica”, negando-se a disputar a divisão principal do Rio de Janeiro sem seus jogadores negros.
Neto de escravos, o velocista Jesse Owens entrou para a história em 1936, ao ser o primeiro atleta a ganhar quatro medalhas de ouro em uma Olimpíada, que na ocasião ocorreu em Berlim, na Alemanha Nazista. O êxito de Owens derrotou o ideal nazista de supremacia ariana, numa época em que Hitler havia excluído jogadores pertencentes às minorias das ligas esportivas da Alemanha. Essa foi uma vitória tão simbólica, que hoje a rua em frente ao Estádio de Berlim se chama Jesse Owens.
Max Schmeling, pugilista alemão, era usado por Hitler como parâmetro para provar a supremacia dos arianos nos esportes. Em 1936, derrotou o lutador negro e norte-americano Joe Louis e os nazistas transformaram a vitória em propaganda de seus ideais. Mas, houve uma revanche, em 1938. E dessa vez Max perdeu, em uma luta histórica, transmitida para toda Europa e Estados Unidos. Na Alemanha, os nazistas chegaram a interromper a transmissão.
Jackie Robinson não foi o primeiro negro a jogar beisebol, mas foi o primeiro aceito na Major League Baseball, o nível mais alto da modalidade nos Estados Unidos. Ele foi contratado em 1947, pelo time Dodgers. Em seu primeiro jogo, no campo de Ebbets Field, uma multidão de 26 mil pessoas compareceu, sendo mais da metade torcedores negros. Em sua carreira, Robinson sofreu muitos ataques racistas, mas persistiu e se manteve jogando até 1956. Hoje, é considerado um dos melhores jogadores da história.
Em uma época em que a segregação racial nos Estados Unidos estava no auge, a norte-americana Althea Gibson foi a primeira tenista negra a ganhar o torneio de Roland Garros, em 1956, na França. Nos anos seguintes, ela também venceu a competição de Wimbledon e o US Open. Ou seja, conquistou três dos quatro títulos do Grand Slam de Tênis, os eventos mais importantes da modalidade. “Não era fácil ser negro nos anos 1950. Ela aguentou tudo para que eu não tivesse que sofrer da mesma forma”, disse recentemente a tenista Venus Williams.
Edson Arantes do Nascimento, conhecido como Pelé, é considerado o maior futebolista de todos os tempos. Ele começou a jogar pelo Santos Futebol Clube aos 15 anos e pela Seleção Brasileira aos 16. Recordista, fez 1.282 gols e foi o mais jovem jogador a conquistar três vezes a Copa do Mundo de futebol: em 1958, 1962 e 1970. Desde que se aposentou, em 1977, é embaixador mundial do futebol. Em 1999, Pelé foi eleito o Atleta do Século pelo Comitê Olímpico Internacional. Recentemente, ele admitiu que viveu vários episódios de racismo durante sua carreira.
Na infância, a norte-americana Wilma Rudolph contraiu poliomielite e ouviu do médico que jamais poderia andar. Mas, graças aos cuidados de sua mãe, ela conseguiu caminhar aos 12 anos. No início se sua carreira esportiva, era a estrela de um time de basquete local, mas foi descoberta por um técnico de atletismo e, aos 16 anos, ingressou na equipe nacional. Em 1960, nos Jogos Olímpicos de Roma, ela foi considerada a melhor velocista do mundo, além de ter sido a primeira negra a ganhar três medalhas de ouro.
Em 1960, com apenas 19 anos, Franklin McCain teve uma atitude que inspirou a luta pela igualdade entre brancos e negros em todos os EUA. Ele se sentou na lanchonete Wollworth, em Greensboro, na Carolina do Norte, com outros três colegas de faculdade. Eles sabiam que não seriam atendidos, pois era um estabelecimento apenas para brancos, mas ficaram sentados ali até a loja fechar. Ele e seus colegas ficaram conhecidos como “Os Quatro de Greensboro” e marcaram os protestos pelo fim da segregação racial.
Em 1968, o velocista norte-americano John Wesley Carlos ganhou a medalha de bronze nos Jogos Olímpicos da Cidade do México. No pódio, durante a execução do hino nacional, ele levantou o braço direito, fechou o punho e abaixou a cabeça. Foi acompanhado do colega Tommie Smith, que venceu a prova. Esse era o gesto do movimento Panteras Negras, que lutava pelos direitos civis dos negros nos Estados Unidos. O protesto de John e Tommie se tornou manchete em todo o mundo, entrando para a história da luta antirracista.