Os sete livros que mudaram a minha vida

O desafio de escrever uma lista com os livros que mais o influenciaram causa um problema: ele desperta o Ego, aquele pequeno argentino que vive dentro de cada um de nós. “Coloca ‘Ulysses’, de James Joyce!”, sugere o Ego. “Não se esqueça dos russos e acrescente ‘Dom Quixote’ só pra esnobar!” Mas foram esses os livros realmente importantes que li e que me motivaram a escrever? Ainda me lembro muito bem do príncipe Pierre perdido no meio da guerra, indeciso entre a admiração por Napoleão e o dever de defender a Mãe Rússia, mas não foi ele quem me inspirou a fazer livros.

O almoço de Leopold Bloom em “Ulysses” é maravilhosamente bem escrito e engenhosamente arquitetado, mas isso não me fez sentar na frente de uma tela e batucar no teclado para uma plateia que eu nem sabia se existia. “No me rompa las pelotas!”, eu disse ao Ego e optei por fazer outra coisa: uma lista afetiva de sete obras que me abriram as portas para diversas outras leituras. Afinal, é essa a função de todo bom livro.

Decidi também que ia escrever sem consulta ao Google e à Wikipédia, convicto de que um livro que não deixou marca alguma não deve ser buscado na nuvem e nem nas nuvens. O que não lembrei, não entrou. Afinal, se você leu um livro que julga extremamente importante, mas se esqueceu completamente dele, um dos dois está mentindo: ou é você ou é o livro.