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Com Idris Elba, Esquadrão Suicida é acerto brutal que o cinema de super-heróis evitava — no Prime Video Divulgação / Warner Bros

Com Idris Elba, Esquadrão Suicida é acerto brutal que o cinema de super-heróis evitava — no Prime Video

“Esquadrão Suicida” escolhe descartar personagens sem aviso, sem solenidade e sem culpa. A execução rápida de uma equipe inteira não funciona como truque de choque, mas como declaração de método. O enredo deixa claro, desde os minutos iniciais, que a lógica ali não será a do heroísmo tradicional, e sim a do uso instrumental de indivíduos pelo poder estatal. Amanda Waller, interpretada por Viola Davis, não administra pessoas, administra riscos. A missão em Corto Maltese nasce dessa racionalidade fria, onde sobrevivência não é recompensa moral, apenas consequência estatística.

Estrutura narrativa e escolha de foco

O roteiro organiza o caos com clareza. A falsa equipe inicial, eliminada nos primeiros minutos, estabelece o tom e redefine expectativas. A partir daí, o foco recai sobre Bloodsport, interpretado por Idris Elba, um mercenário preso pela própria eficiência, coagido a liderar o grupo para proteger a filha. Ao redor dele orbitam figuras com funções narrativas bem delimitadas: Peacemaker, de John Cena, como espelho ideológico distorcido; Ratcatcher 2, de Daniela Melchior, como eixo moral inesperado; Polka-Dot Man, vivido por David Dastmalchian, como comentário trágico sobre trauma e inadequação. Nada aqui é ornamental: cada personagem justifica sua permanência pela ação.

A opção por classificação indicativa mais alta não existe para provocar escândalo. A violência é direta, frequentemente desconfortável, e quase sempre funcional. Membros são arrancados, corpos explodem, mas cada excesso reforça o argumento central: essas pessoas são vistas como recursos descartáveis por um Estado que terceiriza sua sujeira. O antagonismo não está apenas no monstro final, Starro, experimento alienígena mantido por décadas, mas na lógica política que permite sua existência. O ataque à população local e o encobrimento internacional não são subtexto tímido, são parte explícita do conflito.

Personagens estabelecidos e limites criativos

Arlequina, interpretada por Margot Robbie, recebe um arco autônomo que dialoga com sua trajetória anterior sem depender dela. Ainda assim, sua familiaridade joga contra o impacto dramático, tornando-a previsível em comparação aos demais. Em contraste, King Shark, dublado por Sylvester Stallone, funciona como presença física e narrativa, alternando brutalidade e ingenuidade sem quebrar a lógica interna do filme. A dinâmica entre Bloodsport e Peacemaker sustenta o confronto ideológico central, culminando em decisões que não buscam conforto moral.

Eficiência acima de mitologia

“Esquadrão Suicida” não tenta redefinir o gênero nem fundar um universo coeso. Sua força está na recusa desse projeto. Ao priorizar personagens, ação consequente e conflito político direto, o filme entrega uma experiência fechada, autoconsciente e funcional. James Gunn conduz o material com controle técnico e entendimento histórico do desgaste do gênero, oferecendo um resultado que não depende de promessas futuras nem de reverência ao passado. O impacto não vem da grandiosidade, mas da precisão com que cada escolha narrativa aceita suas próprias implicações.

Filme: Esquadrão Suicida
Diretor: James Gunn
Ano: 2021
Gênero: Ação/Aventura
Avaliação: 8/10 1 1
★★★★★★★★★★
Fernando Machado

Fernando Machado é jornalista e cinéfilo, com atuação voltada para conteúdo otimizado, Google Discover, SEO técnico e performance editorial. Na Cantuária Sites, integra a frente de projetos que cruzam linguagem de alta qualidade com alcance orgânico real.