21 filmes que de tão ruins são bons

Alguns filmes são inapelavelmente desastrosos, como o besteirol de ficção científica da Cientologia “A Reconquista” e o desanimado filme erótico de Sylvester Stallone “O Garanhão Italiano”. Para esses não há salvação. Por outro lado, existem filmes que num primeiro olhar parecem obras menores, mas basta assistir com alguma atenção para perceber que são pequenas pérolas. “Jogos Mortais”, “Tuff Turf”, “Porky’s” e “Um Drink no Inferno” são alguns exemplos. Numa categoria mais sutil estão os filmes que de tão toscos, excêntricos e exagerados conseguem dar a volta completa no espectro de gradação e ficam bons, ou, no mínimo, curiosos. Identificá-los é uma ciência exata e complexa, quase uma arte por si só. Abaixo uma lista de 21 dessas obras-primas do mau gosto.

Plano 9 do Espaço Sideral (1959), Ed Wood

Encabeça a maioria das listas de piores filmes de todos os tempos. É justo, mas nem tanto, pois se trata de um festival de amável amadorismo e deliciosa picaretagem. Discos voadores sustentados por fios muito visíveis e um figurante, escondendo o rosto com uma capa, fingindo que é Bela Lugosi dão o tom do conjunto. Como cereja do bolo, a inacreditável cintura de “Barbie macabra” da Vampira.

Barbarella (1968), Roger Vadim

A cena de Jane Fonda, a matriarca das “comunistinhas de faculdade”, fazendo um strip-tease em gravidade zero justifica o filme, marcado pela direção de arte mais cafona de todos os tempos.

Pink Flamingos (1972), John Waters

Esse é para profissionais: a travesti obesa Divine, em uma competição para definir quem é a “pessoa mais sórdida do mundo”, sorrindo para câmara, após comer fezes recém-defecadas de um cão. Não façam isso em casa, crianças.

Garganta Profunda (1972), Gerard Damiano

Acreditemos ou não, o filme pornográfico mais famoso da história do cinema, tem história. E é um enredo simpático, sagaz, divertido, levemente romântico, ousado e, relativamente, bem contado. Você vai ouvir sininhos ao terminar de assistir. Até o presidente Nixon viu esse filme.

The Rocky Horror Show Pictures (1975), Jim Sharman

O filme símbolo das sessões da meia-noite. É a prova de que Susan Sarandon já foi jovem um dia. Esse musical estrelado por vampiros alienígenas transexuais tornou-se objeto de culto. Fãs se vestem como os personagens e acompanham as falas aos berros. Está em cartaz em um cinema de Munique desde seu lançamento. Um recorde.

Doido Para Brigar… Louco Para Amar (1978), James Fargo

Clint Eastwood em brigas de rua e imitando o Tarzan. Um orangotango beijoqueiro, com mais talento do que a maior parte do elenco jovem de “Malhação”. Uma gangue de motociclistas desmiolados. Uma continuação ainda mais divertida: “Punhos de Aço”. Não tenho dúvidas: “Philo Beddoe para presidente”.

Flash Gordon (1980), Mike Hodges

George Lucas queria fazer esse filme no lugar do primeiro da saga “Guerra nas Estrelas”. Não conseguiu os direitos de adaptação dos quadrinhos do personagem. Felizmente. De uma só vez o mundo perderia um marco da fantasia de ficção científica e um desfile de escola de samba ao som do Queen.

Ninja III, a Dominação (1984), Sam Firstenberg

Comece com uma cena de luta e perseguição muito além do verossímil. Inclua um duelo mortal entre um ninja bom contra um ninja mau. Ponha uma bola de golfe sendo esmigalhada com as mãos. Escolha como protagonista uma técnica da companhia telefônica com jeito de modelo fotográfica, exibindo um penteado tipicamente anos 1980, sofrendo possessão. Não tinha como essa receita dar errado.

Duna (1984), David Lynch

O lendário Alejandro Jodorowsky desenvolveu um projeto de adaptação do romance de Frank Herbert que incluía Salvador Dalí no papel de Imperador. Não deu certo. David Lynch entrou e chamou Sting para interpretar um dos vilões. Sting, certamente, não é Salvador Dalí. Ninguém entendeu nada. Nem o produtor Dino De Laurentiis, que remontou o filme, nem David Lynch, que o renegou. Mesmo assim, é estranhamento fascinante.

Remo, Desarmado e Perigoso (1985), Guy Hamilton

Remo era para ser o James Bond estadunidense. Até o diretor foi recrutado da franquia 007. O público não comprou a ideia, nem pagou para ver. Mas esse agente secreto que desvia de balas e seu mestre que caminha sobre as águas merecem respeito.

As Minas do Rei Salomão (1985), J. Lee Thompson

Essa é a mais desavergonhada das muitas imitações baratas de Indiana Jones. Mas tem Sharon Stone na flor da idade e o padre Ralph de Bricassart, de “Pássaros Feridos”, distribuindo sopapos em nazistas engraçados. O que mais se poderia pedir?

Braddock 2 (1985), Lance Hool

Todos os filmes de Chuck Norris possuem lugar cativo nessa lista. Esse segundo episódio da série Braddock é a quintessência de seu “sutil” estilo de interpretação dramática e marcial. Braddock não foge de um campo de concentração, ele transforma o campo numa cratera. Só Bruce Lee pôde vencer Chuck. Mas Bruce era um deus, então não conta.

Howard, o Super-Herói (1986), Willard Huyck

Uma cena sugerindo bestialismo entre um pato humanoide e a mãe de Marty McFry, de “De Volta Para o Futuro”. Ano 1980. Nessa época se faziam filmes infantis de verdade!

Sexta-Feira 13, Parte 6 — Jason Vive (1986), Tom McLoughlin

Do primeiro ao quinto filme os envolvidos na produção da série achavam que estavam fazendo obras sérias. Na sexta parte decidiram que se trata de uma comédia. Ficou muito melhor. Destaque para a sequência onde Jason chacina um batalhão de praticantes de paintball.

Vamp, a Noite do Terror (1986), Richard Wenk

Duas palavras: Grace Jones. Sem mais argumentos, senhor juiz.

Super Xuxa Contra o Baixo Astral (1988), David Sonnenschein, Anna Penido

Defendendo o cinema nacional, temos a Rainha dos Baixinhos em um coquetel que mistura “Capitão Eo”, com Michael Jackson, “Labirinto”, com David Bowie, muita tinta Suvinil e Coca-Cola para dar gás. Pode ser indigesto para estômagos mais fracos. Destaque para a interpretação genial, sim, genial, mais do que genial, de Guilherme Karan.

Street Fighter (1999), Steve E. de Souza

Jean-Claude Van Damme tentando interpretar. Raul Júlia tentando não interpretar. Um roteiro tentando unir todos os personagens clássicos do vídeo game. Atores que não lutam tentando lutar. Atores que lutam tentando não machucar os colegas de cena. Eu desisto de tentar não gostar.

Escorpião de Jade (2001), Woody Allen

O pior filme de Woody Allen ainda é um filme de Woody Allen, sempre se salva.

Freddy X Jason (2003), Ronny Yu

Nudez gratuita, violência gratuita. Como não gostar do duelo entre os dois maiores ícones do terror dos anos de 1980?

Alien X Predador (2004), Paul W. S. Anderson

O “Alien” original é uma obra-prima do suspense. O “Predador” original é um marco dos filmes de ação e aventura. O encontro entre as duas criaturas não é nada disso, é só divertido. É o suficiente. E não tem o Danny Glover para atrapalhar.

Um Lobisomem Mexicano no Texas (2005), Scott Maginnis

Não há lobisomem nesse filme. A criatura seria um chupa-cabra. Essa propaganda enganosa não torna o filme menos movimentado, divertido, curiosamente bem escrito e simpaticamente “trash”.