Renomado cineasta de blockbusters, como “Top Gun: Maverick”, “Oblivion” e “Tron: O Legado”, Joseph Kosinski parece saber bem a fórmula do sucesso. Apenas em sua semana de estreia, “F1: O Filme” arrecadou 144 milhões de dólares, dois terços de seu custo. Apesar do streaming, a Apple TV+ decidiu lançar — acertadamente — o longa-metragem nos cinemas. Assistir às impecáveis cenas de corrida, com os efeitos sonoros realistas dos motores roncando, faz toda a diferença na experiência. Na verdade, é difícil imaginar que, na televisão, “F1” vá provocar o mesmo impacto nos espectadores.
O roteiro é clichê e segue uma receita fácil para agradar o público. Até mesmo os personagens parecem reproduções de outros milhares que já vimos antes. Nada autêntico, inovador, interessante. Brad Pitt não perde o status de galã e nem deixa de lado sua típica personalidade nas telas: um cara autoconfiante, que gargalha alto e sabe que hipnotiza com seu carisma natural. Sonny Hayes (Pitt) é um corredor profissional que abandonou há três décadas a Fórmula 1, depois de um grave acidente, e se afundou no vício por jogos, tornando-se um fracasso no automobilismo.
Quando é convidado por um antigo amigo e rival das pistas, Ruben Cervantes (Javier Bardem), para integrar sua equipe, a Apex, como corredor, Sonny oscila. Afinal, não se sente mais jovem para reviver antigos sonhos não realizados. Mas Ruben o convence. É que sua jovem equipe não consegue vencer nenhuma corrida, fazendo a Apex dever mais de 300 milhões, colocando Ruben à beira da falência e fazendo com que a diretoria da escuderia esteja prestes a arrematá-la. O convite de Ruben é, na verdade, um pedido de socorro.
Sonny é talentoso, experiente e confiante. Seu conhecimento das pistas faz com que ele seja capaz de prever riscos e oportunidades atrás do volante. No entanto, seu passado controverso faz com que a imprensa o massacre no momento em que ele decide aceitar o convite. Mas a resistência não vem apenas da mídia, mas também do colega de escuderia, o jovem talento Joshua Pearce (Damson Idris), que teme que Sonny roube seu espaço e faz de tudo, inicialmente, para sabotá-lo.
Com uma montagem que proporciona bastante dinamismo à história, uma trilha sonora moderna e empolgante, atuações cheias de carisma e elementos nostálgicos no roteiro, toda o conjunto encapsula a atmosfera competitiva e emocionante da F1. “F1: O Filme” custou a ter aprovação da FIA para conseguir filmar durante competições de verdade, com equipes e corredores reais. O carro de Brad Pitt no filme, um modelo de F2, foi adaptado para F1, e toda sua elaboração teve supervisão da Mercedes. Lewis Hamilton, embora seja um rival dos protagonistas do filme, é um dos produtores do longa-metragem.
“F1: O Filme” não chega a ser uma obra-prima, mas entretém, lota salas — atendendo aos interesses comerciais — e, ao mesmo tempo, brilhou aos olhos da crítica, feito parecido de Kosinski com “Top Gun: Maverick”, embora este seja uma sequência de um filme consagrado.
★★★★★★★★★★