5 livros que só os intelectuais de WhatsApp indicam com orgulho

5 livros que só os intelectuais de WhatsApp indicam com orgulho

Há livros que não se leem. Ostentam-se. Eles repousam em mesas de centro com a solenidade de um vaso de Murano ou pairam sobre a cabeceira como um certificado tácito de superioridade. Ninguém pergunta se foram lidos, apenas assume que sim. Porque há um tipo específico de prestígio que só a lombada de certas obras confere. O da erudição performática. Essa forma moderna de mágica social.

O curioso é que o conteúdo, nesses casos, importa menos do que a aura. Não interessa se a obra é densa, difusa ou deliberadamente indecifrável. O importante é que tenha aquele título levemente enigmático, o nome do autor em fonte sóbria, e um subtítulo que sugira profundidade inatingível. A leitura, quando acontece, costuma ser interrompida por postagens, prints e reflexões filosóficas no Instagram. Mas tudo bem. Porque o verdadeiro efeito está em parecer que se entendeu. E mais. Que se absorveu.

Esses livros funcionam como emojis de status intelectual. Citar trechos é quase um ritual de iniciação em clubes invisíveis, onde todos se reconhecem por palavras-chave como estrutura de poder, tempo presente, narrativas civilizatórias ou positividade tóxica. Um vocabulário construído à base de resumos de contracapa e vídeos de três minutos no YouTube.

Ainda assim, não é justo desprezá-los. Eles têm sua beleza, mesmo que disfarçada. São obras que, por vias tortas, espalham ideias. Ou pelo menos a impressão de que ideias ainda importam. Há algo de ingênuo e, quem sabe, até poético nesse desejo de parecer profundo. Como se todos estivéssemos tentando desesperadamente nos proteger da leveza do mundo com palavras densas e capas escuras.

Porque, no fundo, talvez ninguém queira de fato entender. Queremos é parecer que já entendemos tudo. E se possível, com autoridade o suficiente para explicar por que o livro é essencial. A pergunta que resta, silenciosa, é: essencial para quem?