7 livros filosóficos que vão mudar sua forma de enxergar a vida

7 livros filosóficos que vão mudar sua forma de enxergar a vida

Segundo Immanuel Kant (1724-1804), a razão não é capaz de compreender todas as variadíssimas esferas da vida humana, o que quer dizer que o homem é a um só tempo seu próprio senhor e carrasco e, esticando-se um pouco a longa corda do raciocínio filosófico, chega a emular Deus não em uma, mas em diversas circunstâncias durante sua vida, plena de momentos insanos cuja relevância só ele mesmo pode medir. Os sonhos são as únicas coisas capazes de tornar a vida mais suportável e menos infame. Que grande revolução haveria de se dar nos povos do mundo inteiro se cada um tivesse sonhos grandiosos o bastante para serem perseguidos sem folga, até que, afinal, saíssem do baço plano das ideias e passassem à vida como ela é, o que, evidentemente, só seria possível se fôssemos todos dignos desses sonhos. Quase sempre é necessário que larguemos tudo, abandonemos a vida que levávamos, sintamo-nos livres para rever determinados pontos de nossa trajetória a fim de que acessemos os meandros mais obscuros de nosso espírito.

O gênero humano está inexoravelmente condenado a perseguir essa quimera, uma vez que o mundo é, como na caverna de Platão (428 a.C — 348 a.C), apenas um simulacro das projeções muito íntimas de cada um, de conceitos eivados de nossas idiossincrasias mais intangíveis, aquelas que mantêm-nos mais e mais encafuados em nossos sonhos e delírios. O filósofo da Grécia Antiga — cujo verdadeiro nome era Arístocles, e que ganhou o apelido graças aos ombros largos — soube como poucos usar da estilística para apresentar suas ideias, seguido por Nietzsche, Kierkegaard e Camus, que fizeram de sua obra uma liga vigorosa de ensaio, romance e apotegmas. Da mesma forma, escritores como Fiódor Dostoiévski (1821-1881), Clarice Lispector (1920-1977) e Philip Roth (1933-2018) exploraram temas filosóficos com profundidade, fazendo da literatura um espaço de investigação existencial. A literatura pode dar vida à abstração filosófica, materializando experiências racionais e emotivas, vividas ou imaginadas. Filosofia e literatura nutrem uma à outra e enriquecem-se mutuamente, ficando esta mais reflexiva e crítica e a primeira, mais terna e palpável.

Na lista abaixo, constam sete exemplos de como a objetividade da literatura alcança o necessário devaneio da filosofia. A leitura de “O Homem sem Qualidades” (1932), de Robert Musil (1880-1942), é o primeiro movimento de uma caminhada longa pela paisagem caótica de um espírito em perene desajuste, vivendo num mundo em que clareza é o requisito básico para se desfrutar de uma vida plena. E da mesma maneira que é impossível banhar-se duas vezes nas águas de um mesmo rio, ninguém lê duas vezes o mesmo livro: uma impressão sob medida para definir “Perto do Coração Selvagem” (1943), de Clarice Lispector (1920-1977), a esfinge que há de continuar devorando leitores pelos séculos dos séculos, amém. Os títulos seguem elencados do mais recente para o publicado há mais tempo.

Giancarlo Galdino

Depois de sonhos frustrados com uma carreira de correspondente de guerra à Winston Churchill e Ernest Hemingway, Giancarlo Galdino aceitou o limão da vida e por quinze anos trabalhou com o azedume da assessoria de políticos e burocratas em geral. Graduado em jornalismo e com alguns cursos de especialização em cinema na bagagem, desde 1º de junho de 2021, entretanto, consegue valer-se deste espaço para expressar seus conhecimentos sobre filmes, literatura, comportamento e, por que não?, política, tudo mediado por sua grande paixão, a filosofia, a ciência das ciências. Que Deus conserve.