Com “Alguém Especial”, a diretora-roteirista Jennifer Kaytin Robinson consegue a proeza de listar boa parte dos surrados chavões vistos em filmes como o seu e esgotá-los com a mesma habilidade, conferindo à narrativa precisamente a ideia de ciclos, ora findos, ora abandonados pelas mais diversas razões, remontando ao pensamento baumaniano — malgrado o filósofo nunca entre em cena. Mas não é necessário.
É uma verdade universal que a humanidade frequentemente se deixa perder nas complexidades dos desejos de salvação, mesmo quando tal redenção pode não ser merecida. No entanto, o que permanece parcialmente obscuro é a nossa capacidade de resistir às ameaças criadas por nós mesmos, especialmente quando essas ameaças ganham audácia, reivindicando o que consideram seu por direito, ignorando a aparente indiferença com o nosso destino.
“Táticas do Amor 2”, comédia romântica dirigida por Recai Karagöz, ratifica o que se tem apreciado do cinema turco e diz algumas verdades com leveza, malgrado insista-se numa visão meio reducionista do amor e seus derivados. Embora a Turquia precise constantemente responder a “acusações” de que se permitiu ocidentalizar, no fundo, histórias como essa fazem é deixar ainda mais exacerbado, nem tão com tanta sutileza assim, a necessidade do homem em construir e manter seus vínculos.
Queridos leitores da Revista Bula, quando pensamos em final de semana, muitas vezes idealizamos passeios ao ar livre, jantares em restaurantes movimentados e agitos noturnos. Mas, quem disse que seu sofá não pode ser o epicentro de um final de semana igualmente, se não mais, emocionante? Com as novas adições ao catálogo da Netflix, temos certeza de que o conforto do seu lar poderá lhe proporcionar uma viagem cinematográfica inigualável.
“Bird Box Barcelona” sai de uma premissa deveras exclusiva para um apanhado geral acerca das tantas humanas misérias, insistindo no argumento da morte à luz da possibilidade última de alguém se redimir, mas adicionando à massa o componente apocalíptico, o que sem dúvida torna o enredo muito mais invasivamente desconfortável, a começar pela estética.
