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O grego Yorgos Lanthimos havia deixado claro que atracaria seu barco nessa praia em “O Sacrifício do Cervo Sagrado” (2017), e um ano depois, com “A Favorita”, transpõe para a Inglaterra do princípio do século 18 a batalha mais e mais encarniçada entre duas nobres, uma já estabelecida na corte da rainha Ana da Grã-Bretanha (1665-1714) e outra que emulava o desejo mudo que decerto ajudara a primeira a subir tão alto, reivindicando agora sua fatia do bolo.

Em “Durante a Tormenta”, Oriol Paulo doma a aridez dos mandamentos produzidos por Albert Einstein (1879-1955) ao cabo de observações de apuro rigoroso e elabora uma ficção científica como raras já feitas pelo cinema, mas a viagem no tempo é, com efeito, apenas figura de linguagem.

A inevitável nostalgia pelos clássicos do cinema parece uma constante, desafiando o fluxo constante de novidades cinematográficas. Nesse contexto, surge “Top Gun: Maverick”, um ressurgimento notável de uma história icônica. Com um orçamento de 170 milhões de dólares e mais de três anos de produção, o filme é um exemplo de como revitalizar um legado sem perder sua essência.

Gary Winick apresenta “Cartas para Julieta”, uma profissão de fé na mais humana das emoções, dispondo de uma cadeia de imagens em que serafins; figuras pictóricas de quadros renascentistas, talvez de Caravaggio (1571-1610); personagens do cinema mudo e adoráveis peixinhos coloridos seguem a recomendação de Cole Porter e se entregam a tudo quanto importa na vida.