Crônica

Na ponte ou na velha pinguela?

Na ponte ou na velha pinguela?

Anos atrás, havia uma pinguela muito velha que precisava de reforma. Várias pessoas morriam na travessia, mas o imperador não se importava. Era necessária a interdição, uma questão de vida ou morte, mas o tenente (prefeito nomeado) também não se importava muito, afinal, a economia não podia parar — dinheiro acima de tudo. Um grupo de ribeirinhos pediu a construção de uma ponte de madeira e, como o imperador não tomou a iniciativa e, ainda, foi contra a construção, os próprios ribeirinhos cotizaram os custos e fizeram a ponte. A ponte de madeira foi inaugurada com fogos e festa, mas o imperador e parte do povo a criticou.

Chupa que a vida é doce

Chupa que a vida é doce

m casal de vira-latas caramelos enxerta na esquina. Crianças atiram pedras. Tem um gari que gira. Tem um gari que agora dança e gira, tendo uma vassoura como parceira guia. Tamanha agitação, a essa hora do dia, só me desconcerta. De certa mesma, somente a constatação de que navego à deriva nas ondas bravias, derivadas de um oceano de desconhecimento.

Posso ser quem eu quiser

Posso ser quem eu quiser

Posso ser quem eu quiser. O John Malkovich. A mulher de peitos caídos que rabisca a lousa. O reacionário de nariz em pé. O filho-da-mãe do papai. O cara que não sabe que nada sabe. O refugiado congolês que cruza o oceano para se encontrar com a morte no Rio. O robô que descobre amor em Marte.

Triste como um camelo

Triste como um camelo

Vivo uma relação momentaneamente conflituosa com os passarinhos. Nada que termine em pedras e alçapões, acreditem. Não se pode, contudo, confiar num ser humano. Eu, se fosse passarinho, também ficava, também me fartava de comida. Mas, confiava desconfiando, no limiar da gula, no ruflar das asas.