Crônica

Puseram o meu coração num moedor de carnes

Puseram o meu coração num moedor de carnes

Estou em rota de fuga — algo pensado há tempos — esperançosa em virar esse disco. Apesar do alívio, nunca me senti tão miserável. A sensação é de que puseram o meu coração num moedor de carnes. Por ora, não conte a seu pai sobre essa carta. Façam isso após dois, três, quatro, muitos dias. Nesse ínterim, digam que não sabem de mim.

Quando acordar vou dizer que eu te amo

Quando acordar vou dizer que eu te amo

Faz dois meses que o Cláudio caiu do telhado. Parece que foi ontem. Parece que foi nunca. Não há previsões de quando ele vai acordar, se é que vai acordar. As pessoas não gostam que se diga isso. É preciso um maior grau de otimismo. A torcida, portanto, é grande pelo seu pronto restabelecimento. Muita gente rezando, fazendo promessa, convergindo as correntes positivas de pensamento, dentre outras providências subjetivas e imponderáveis que tomamos sempre que bate o desespero.

Beijar faz bem ao ciático

Beijar faz bem ao ciático

Recentemente, ao pesquisar sobre os protagonistas da histórica foto registrada na cidade de NYC, fiquei sabendo que o casal sequer se conhecia. A moça — que, pelos trajes brancos, parecia ser uma enfermeira, era, na verdade, uma assistente de dentista — fora pega de surpresa, sem prévio consentimento, por um marinheiro corpulento, ébrio, eufórico e atrevido que comemorava o fim da Segunda Guerra Mundial e o fato de não ter mais que embarcar pelo Pacífico para combater o inimigo.

O amor pega no tranco

O amor pega no tranco

Espalhar as sementes do amor ladeira abaixo, pelos quatro cantos do mundo, sobre a superfície de uma esfera azul, flutuante, antes destituída de ângulos agudos, de escapes obtusos na direção da reta absoluta; um planeta formidável com cara e jeito de asteroide, um grão congesto de poeira ínfima, partícula silenciosa a flainar de soberba na incompletude do universo.

Sorrir aumenta a imunidade

Sorrir aumenta a imunidade

Um dos companheiros propôs o embalsamamento do Rochinha — depois de morto, obviamente — para que o seu corpo ficasse submerso no formol, ad eternum, dentro de uma redoma de vidro, com formato de garrafa de Paratudo, a fim de ser colocado como uma espécie de monumento, próximo à mesa de bar onde a turma sempre se reunia para as hilárias resenhas pós-jogo.