A inexpressividade marmórea de Statham, um rosto (e um corpo) já bastante conhecidos do público em enredos como este, realçam na medida o caráter eminentemente viril de “Carta Selvagem”. O filme de Simon West fala a uma maldade em estado bruto, mas judiciosa, que eleva a violência essencial que existe em cada um de nós à condição de refinado mecanismo que nos permite continuar no jogo.
O iraquiano-dinamarquês Fenar Ahmad entrou para o clube dos admiradores de homens desditosos, mas justos, com “Darkland” (2017), contando a história de um médico bem-sucedido cujo irmão caçula é assassinado numa disputa entre gangues. Seis anos depois, Zaid, esse homem descorçoado ao termo de uma longa batalha por justiça, está também ele imbricado no submundo de Copenhague, até parar na cadeia, saga maldita que Ahmad esmiúça em “Darkland: O Retorno”, com direito a toda violência de uma legião de espíritos fragmentados.
A arte antirracista desempenha um papel fundamental ao permitir que indivíduos negros debatam questões, denunciem injustiças, revelem situações e expressem emoções para um público que talvez jamais compreendesse suas experiências. No filme “Ficção Americana”, dirigido por Cord Jefferson e produzido pelo Prime Video, indicado a cinco Oscars, esse tema é explorado de maneira provocadora: é necessário que toda arte criada por pessoas negras aborde temas raciais? Até que ponto isso satisfaz um mercado predominantemente branco? Essas questões, que pessoalmente nunca me ocorreram, são abordadas por Jefferson, um cineasta negro, em sua notável estreia na direção.
“Saltburn” é uma obra cinematográfica deslumbrante, dirigida e escrita com maestria por Emerald Fennell, a renomada cineasta britânica vencedora do Oscar. Após o impacto de “Bela Vingança”, Fennell apresenta um filme ainda mais provocativo. A trama se desenvolve em uma majestosa mansão no campo inglês, onde a aristocracia se diverte sob o olhar invejoso dos plebeus. Nesse cenário de privilégios, Oliver Quick, interpretado por Barry Keoghan, é um estudante bolsista de Oxford que luta por respeito e aceitação.
Denis Villeneuve retorna com maestria em “Duna: Parte Dois”, mergulhando-nos novamente no universo rico de Frank Herbert. Este capítulo aprofunda temas como fascismo, imperialismo e resistência, entrelaçados com romance e política secular. Villeneuve, junto com Jon Spaihts, evoca mestres do cinema como David Lean e Ridley Scott, especialmente nas cenas de combate. Com trilha sonora e design de som envolventes, o filme explora a luta dos povos indígenas em planetas vastos.
