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O livro que fez Kafka chorar

O livro que fez Kafka chorar

Numa estrada empoeirada da Saxônia do século 16, um homem simples vê sua vida tranquila devastada pela arbitrariedade. Seus cavalos, sua dignidade, tudo lhe é arrancado pelas mãos da autoridade que deveria protegê-lo. Sua reação silenciosa cresce lentamente, consumindo-o até que a injustiça o torne incendiário. Um século depois, numa Praga escura e claustrofóbica, outro homem encontra no primeiro um espelho sombrio de seu próprio tormento. A burocracia kafkiana, as portas fechadas e os papéis inúteis se tornam metáforas vivas dos cavalos roubados. Entre eles, o desespero se repete, como se o tempo não fosse suficiente para apagar velhas injustiças.

6 livros que só mudaram o mundo depois da morte de seus autores

6 livros que só mudaram o mundo depois da morte de seus autores

Nem sempre o impacto de uma obra coincide com a vida de quem a escreveu. Melville morreu em silêncio. Kafka pediu queimar seus manuscritos. Hurston foi enterrada sem lápide. Orwell partiu antes que o mundo parecesse com o que ele descreveu. Rilke nunca viu suas cartas publicadas. Em comum, todos escreveram obras que só fariam sentido quando o tempo histórico alcançasse suas intuições. Não foram redescobertos por acaso. Foram reencontrados porque o mundo mudou — e, ao mudar, passou a enxergar neles o que antes não via. Há legados que só se tornam legíveis quando a urgência finalmente os alcança.

7 livros breves demais para o estrago que causam

7 livros breves demais para o estrago que causam

Sete livros. Nenhum deles chega a duzentas páginas. Todos eles deixam algo que não passa. Começam discretos, quase tímidos, como se não fossem capazes de fazer muito estrago. Mas fazem. Cortam devagar, sem aviso. O impacto não vem da grandeza do enredo, nem da urgência da forma. Vem da precisão. Da recusa a consolar. Do silêncio deixado depois da última linha. São histórias que não pedem nada, mas levam tudo. Quando se percebe, já foi. E o que fica não se desfaz. Leva tempo. Às vezes, mais do que se está disposto a admitir.

Os 5 livros Machado de Assis lia enquanto o Brasil dormia

Os 5 livros Machado de Assis lia enquanto o Brasil dormia

Enquanto o Brasil repousava em berço colonial, abafado por brisas mornas e instituições emperradas, Machado de Assis lia como quem preparava um levante silencioso. Não havia aplausos, apenas o ranger de uma cadeira, a lâmpada fraca, o mundo inteiro escondido entre páginas em francês, inglês, alemão. Hamlet, Dom Quixote, Fausto. A insônia era estética, e a solidão, necessária. Ler era mais do que hábito: era resistência íntima, refino secreto, fermento do impossível. Antes de reinventar a literatura brasileira, ele precisou atravessar, sozinho, a de quase todos os outros países.

O livro mais caro do Brasil foi vendido por 143 mil reais — e esconde uma tragédia

O livro mais caro do Brasil foi vendido por 143 mil reais — e esconde uma tragédia

Em dezembro de 2021, um exemplar raro da primeira edição de “Os Sertões”, obra que Euclides da Cunha publicou em 1902, tornou-se o livro mais caro já vendido no Brasil, atingindo R$ 143 mil num leilão no Rio de Janeiro. O volume, com cerca de oitenta correções feitas à mão pelo autor, revela as angústias e contradições do escritor ao narrar a Guerra de Canudos. Mais do que um objeto raro, o livro simboliza um Brasil dividido, complexo e violento, cuja história permanece aberta, incômoda e ainda profundamente atual.