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O cantor que virou pedreiro e só descobriu aos 56 anos que era mito em outro país Daily Beast / Mark Horton

O cantor que virou pedreiro e só descobriu aos 56 anos que era mito em outro país

Filho de imigrantes mexicanos e autor de dois discos de folk rock lançados em 1970 e 1971, Rodriguez voltou ao trabalho pesado em demolição após fracassar nas paradas dos Estados Unidos. Longe dali, suas músicas passaram a circular de forma quase clandestina na África do Sul do apartheid, onde fãs o chamavam de “mais popular que Elvis” sem saber se ele ainda vivia. Já nos anos 1990, uma investigação feita por admiradores o reencontraria em uma casa comprada por 50 dólares em Detroit, no meio-oeste industrial.

Quem é o dono do português?

Quem é o dono do português?

Ele achou que esse argumento era definitivo, se achava dono da língua e então eu é que fiquei irritado, com vontade de pedir para ele devolver o nosso ouro, como fazem os brasileiros nessas ocasiões, ou dizer que nós, brasileiros, somos mais de 200 milhões e eles, portugueses, apenas 10 milhões; portanto, nós já tomamos a língua, que agora é nossa.

A vida imita a arte. Eu imito Ernest Hemingway

A vida imita a arte. Eu imito Ernest Hemingway

Fazia uma fresca manhã de outono. Estacionaram os idosos em cadeiras de rodas para o tradicional banho de sol. Fazia bem para os ossos. E para o ócio. Mais ignorantes do que a média feminina, os homens quase sempre morriam primeiro. De tal sorte que havia muito mais velhas do que velhos naquele abrigo. Alheios ao mulherio, dois internos conversavam, sob algum grau de incompreensão mútua, tendo em vista que ambos estavam praticamente surdos como uma porta.

A mulher que atravessou ditaduras, censura, amores e uma doença implacável até desaparecer em silêncio: Tônia Carrero

A mulher que atravessou ditaduras, censura, amores e uma doença implacável até desaparecer em silêncio: Tônia Carrero

No alto de um prédio perto do mar, a cidade continua a girar, carros, buzinas, televisores acesos na sala dos vizinhos. Naquele apartamento, porém, o tempo corre em outra escala. A porta ainda recebe flores trazidas por motoristas apressados, bilhetes escritos à caneta, convites para estreias que já não terão resposta. Lá dentro, a luz cai macia sobre quadros envelhecidos e fotografias emolduradas que repetem o mesmo rosto em décadas diferentes.

Ele disse: “ninguém abandona um homem como eu”. Ela pegou os filhos e saiu. A artista que recusou ser só mulher de Picasso Foto / Endre Rozsda

Ele disse: “ninguém abandona um homem como eu”. Ela pegou os filhos e saiu. A artista que recusou ser só mulher de Picasso

No fim da tarde, o apartamento em Nova York parece suspenso dentro de um aquário silencioso. As telas encostadas nas paredes guardam azuis ásperos, verdes que lembram campos dos arredores de Paris, rostos sem biografia de celebridade. Com mais de cem anos, Françoise Gilot se inclina sobre uma aquarela recente; a mão continua firme, disciplinada por décadas de teimosia. Ainda ecoa, entre livros e tintas, a frase antiga e intacta: ninguém abandona um homem como eu.