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O cinema dos anos 1980 e o cancelamento do futuro Divulgação / Universal Pictures

O cinema dos anos 1980 e o cancelamento do futuro

Uma percepção nova surgiu quarenta anos atrás em várias partes do mundo e, aos poucos, moldou as formas do pensamento contemporâneo. A ideia de progresso deixou de orientar as discussões. Os motivos dessa mudança podem estar nas crises econômicas das décadas de 1970 e 1980 e, agora, nas mudanças climáticas, que levaram ao pessimismo. E, como sempre ocorre, a produção cultural capturou aquele momento em que o amanhã não será melhor que o hoje e o ontem.

Sem camisinha é mais caro

Sem camisinha é mais caro

O mundo não girava. Capotava. A Caixa de Pandora tinha sido aberta e as pessoas andavam mais alopradas do que nunca. Era Jesus na goiabeira. Terra plana. Movimento antivacina. A avassaladora onda de negacionismo à ciência. E o risco iminente de golpe militar no país. Não me perguntem como, quando, onde e sob que circunstância. Fato é que eu conversava com uma garota de programa chamada Scarlett.

O caso das estranhas coincidências

O caso das estranhas coincidências

Na literatura brasileira, personagens célebres vivem ressuscitando em novas tramas. Brás Cubas, Quincas Borba e Capitu voltam à cena, desta vez sob a luz da investigação. Um escritor percebe, num anúncio editorial, a sombra inquietante de sua própria ideia: um detetive vitoriano sondando o suposto adultério de Capitu. Entre Paris, Rio e Londres, surgem Dupin, Humanitismo, vampiros e e-mails ignorados. Coincidência? Ou mais um mistério do mercado do livro? A recusa de uma editora acende dúvidas sobre autoria e destino.

Adélia Prado faz 90 anos. A palavra é mais forte que o poder Foto / Nana Moraes

Adélia Prado faz 90 anos. A palavra é mais forte que o poder

Divinópolis, 1950. Chove. Os trilhos da Oeste de Minas reluzem quando o relâmpago abre a noite; o rádio chia notícias do pós-guerra, gols ainda por vir, promessas de um país em marcha. A missa segue em latim, o fogão a lenha dita o ritmo da cozinha, a cidade cresce entre metal e tecido, e uma casa respira trabalho, fé, fome de futuro. É o ano em que o Brasil perde uma Copa e ela perde a mãe. O pires tilinta, o orvalho pendura pérolas na couve, a cantiga antiga insiste. A menina escuta. Puxa o ar que falta e escreve. O verso inaugural rompe o silêncio e dá borda à dor.

“A epopeia da idiotice humana”

“A epopeia da idiotice humana”

Nesta nova tradução comentada de Bouvard e Pécuchet, clássico absoluto de Flaubert, acompanhamos dois copistas mergulhando em saberes de segunda mão e fracassando estrondosamente em tudo o que tentam. O romance escancara a idiotice humana que hoje se espalha por fake news, grupos de ódio, gurus improvisados e certezas rasas nas redes. Em um mundo que abandona livros, ciência e história, Flaubert oferece um retrato satírico e brutalmente atual da cultura superficial que nos cerca e expõe com ironia feroz.