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O jantar mais constrangedor da literatura moderna: o dia em que Joyce e Proust dividiram a mesa — e a antipatia em silêncio

O jantar mais constrangedor da literatura moderna: o dia em que Joyce e Proust dividiram a mesa — e a antipatia em silêncio

Em 18 de maio de 1922, em Paris, dois dos maiores escritores do século 20 sentaram-se à mesma mesa — e nada aconteceu. James Joyce, recém-publicado com “Ulysses”, e Marcel Proust, em seus últimos meses de vida, mal trocaram frases. O jantar no Hôtel Majestic, que também reuniu Stravinsky, Picasso e Diaghilev, entrou para a história justamente pelo vazio que deixou. O que poderia ter sido uma conversa entre titãs tornou-se uma anti-epifania literária. Nesta reportagem, o silêncio entre eles é escutado de perto: como gesto, falha, sintoma — e talvez, destino.

A alucinação de Belchior era desaparecer: o disco que previu sua fuga e escreveu seu silêncio, 50 anos antes

A alucinação de Belchior era desaparecer: o disco que previu sua fuga e escreveu seu silêncio, 50 anos antes

Muito antes de deixar os palcos e desaparecer dos holofotes, Belchior já preparava sua saída nas entrelinhas de “Alucinação”. Lançado em 1976, o disco completa 50 anos em 2026 como um marco da música brasileira e como o registro mais íntimo de um artista que não queria permanecer. Esta reportagem percorre sua trajetória desde Sobral até o silêncio final em Santa Cruz do Sul, passando por obras como “Coração Selvagem” e “Todos os Sentidos”. “Alucinação” não foi só ruptura estética, mas profecia pessoal. Belchior cantou sua própria fuga, com clareza desconcertante, quando ainda ninguém estava ouvindo direito.

A escritora que escreveu e publicou sem o marido saber — e deu origem ao Dia das Mães como ato político

A escritora que escreveu e publicou sem o marido saber — e deu origem ao Dia das Mães como ato político

Às vezes é preciso esconder até a própria voz para que ela exista. Em Boston, numa casa elegante de nome histórico, uma mulher escrevia poemas sem dizer. Escondia-os nos bolsos dos vestidos, entre os papéis da casa, como se cada linha fosse uma forma de desobediência, um movimento quase microscópico contra a delicada armadura conjugal. Não era sobre escândalo, nem sobre heroísmo. Era sobre escrever sem pedir permissão. Julia Ward Howe não nasceu para ser invisível, mas aprendeu, cedo demais, que visibilidade feminina era um campo minado. E escolheu, como tantas outras, escrever na sombra antes de ser lida à luz.

Os 5 livros que Simone de Beauvoir dizia que toda mulher deveria ler

Os 5 livros que Simone de Beauvoir dizia que toda mulher deveria ler

Não são livros sobre mulheres. São livros que, ao serem lidos por mulheres, mudam alguma coisa. Simone de Beauvoir não organizou listas ou manuais, mas deixou claro, em falas, memórias e crítica, quais obras formaram sua consciência. Livros que, lidos em momentos-chave, ajudaram a desenhar uma genealogia da resistência. Alguns vieram da infância, outros da fricção com ideias que a incomodavam. Todos revelam algo mais profundo: a leitura como exercício de consciência crítica, antes mesmo que o feminismo ganhasse esse nome.

O ensaio de Camus que previu o burnout do século 21

O ensaio de Camus que previu o burnout do século 21

Em 1942, Albert Camus escreveu “O Mito de Sísifo”, um ensaio filosófico sobre o absurdo da vida. O que ele talvez não soubesse era que, quase um século depois, seu texto dialogaria com uma epidemia emocional: o burnout. Esta reportagem ensaística revisita a obra sob a luz exausta do século 21, onde a repetição virou rotina e o vazio se oculta sob performance. Mais que um tratado existencial, Camus oferece um retrato brutal da lucidez que insiste — mesmo quando o corpo já não quer continuar.