Eternamente trouxa
Trouxa eu sempre fui e não me emendo. Aprendi a ser enganado desde novinho. A primeira vez que sucedeu eu contava míseros três ou quatro anos. Era do tamanho do cachorro lá de casa, só que menos esperto. Fora levado pelos meus pais ao aniversário de outra criança. A dona da casa, uma mulher enorme com saia plissada, bochechas rosadas e cheiro de bolo formigueiro, distribuiu para a criançada um kit com guloseimas, uma bexiga, uma língua-de-sogra e um apito. O pequeno tesouro, democraticamente dividido, foi comemorado com gritaria e com alvoroço pela pirralhada.