Bresson traduz Dostoiévski para a era do vazio existencial — e a MUBI resgata essa joia Divulgação / Victoria Film

Bresson traduz Dostoiévski para a era do vazio existencial — e a MUBI resgata essa joia

Inspirado em “Noites Brancas”, de Fiódor Dostoiévski, “Quatro Noites de Um Sonhador”, de 1971, dirigido por Robert Bresson, desloca o espaço e o tempo da história para uma Paris contemporânea. O tom narrativo abandona o sentimentalismo da obra literária e se aproxima de uma anatomia do desejo e da frustração. Ao assistir ao filme, fica a impressão de que a obra de Bresson é quase experimental e “caseira”, construída sobre uma produção enxuta.

Filme italiano na Netflix nos lembra do que tentamos esquecer: o bem ainda existe Divulgação / Netflix

Filme italiano na Netflix nos lembra do que tentamos esquecer: o bem ainda existe

Alguns filmes chegam com a delicadeza de quem bate à porta pedindo licença para existir. “Lazzaro Felice” faz exatamente isso, mas sem jamais abaixar os olhos. Há uma serenidade subversiva em sua presença, como se dissesse que a pureza não é ingenuidade, mas uma insurgência silenciosa contra a lógica brutal do mundo contemporâneo. A cada cena, parece sussurrar que há algo de profundamente errado quando a bondade se torna anomalia social.

O melhor filme de ação que você verá neste fim de semana está de volta à Netflix Chiabella James / Paramount Pictures

O melhor filme de ação que você verá neste fim de semana está de volta à Netflix

O cinema de ação recente testa o limite entre disciplina e autonomia. Ex-militares e agentes de segurança, figuras centrais do gênero, medem o peso das instituições frente a indivíduos que agem por conta própria. Em “Jack Reacher: Sem Retorno”, o conflito vai além da perseguição: trata da dificuldade de provar inocência em um sistema que fabrica suspeitos. A narrativa acompanha um homem que acredita dominar o terreno, mas descobre que o inimigo usa o mesmo manual que o formou.

O retrato mais perturbador da solidão que o cinema já produziu em clássico de Scorsese na Netflix Divulgação / Columbia Pictures

O retrato mais perturbador da solidão que o cinema já produziu em clássico de Scorsese na Netflix

Travis Bickle não é um psicopata que aparece de repente. Ele é o produto de uma cidade que finge normalidade enquanto apodrece nas margens. Em “Taxi Driver”, Martin Scorsese conduz essa descida ao subsolo humano com uma frieza que dispensa qualquer tentativa de simpatia. Desde o começo, o filme se nega a suavizar sua verdade: o caos urbano não é um colapso iminente. Ele já está consumado.