Casou aos 12. Foi mãe aos 13. Perdeu dois filhos para a fome. E fez da dor um monumento
Elza Soares nasceu em 1930, no Rio das periferias invisíveis, e atravessou um século em que governos apararam vozes e prometeram modernização com fome. Saiu de um barraco de madeira e zinco para palcos sob censura, recolheu-se quando precisou respirar, voltou com fôlego inteiro e ocupou espaço. Na velhice, reinventou-se, enfrentou moralismos, devolveu trabalho. Fez da própria vida uma leitura do país: dor sem espetáculo, alegria sem máscara, música como sobrevivência.