Mississippi: eu, Faulkner e Jack Daniel’s

Leio e releio Faulkner constantemente, é faina para a vida toda. Se vocês não seguem essa dieta, estão perdendo um dos pontos altos da humanidade (Faulkner, aquedutos romanos, decisões da Suprema Corte americana, Capela Sistina, suítes de Bach para violoncelo, filmes de Sergio Leone, Ava Gardner, dribles do Garrincha, essas coisas): o homem vivia meio encharcado no seu estranho Deep South e ainda assim nos deixou uns três ou quatro romances que estão entre os melhores já escritos.

Os 10 melhores poemas brasileiros de todos os tempos

Os 10 melhores poemas brasileiros de todos os tempos

Pedimos aos leitores e colaboradores que apontassem os poemas mais significativos de autores brasileiros em todos os tempos, independentemente de gêneros ou correntes literárias a que pertenceram. O resultado não pretende ser abrangente ou definitivo e corresponde apenas à opinião das pessoas consultadas. Por motivo de direitos autorais, alguns poemas tiveram apenas trechos publicados.

Sem reciprocidade, todo relacionamento vive à beira de um abismo

O amor, não há dúvida, é um combustível e tanto para a imaginação. Mas sonhar por sonhar é executável sozinho. É possível realizar mil feitos sem que haja alguém ao lado e, feliz, dividir a vitória com ninguém além de si. O problema é que não se pode sonhar pelo outro; não se podem responder cartas que o outro recebeu e sequer abriu; não se podem conjugar plurais por quem só pensa singular. Que me perdoem os jovens Verthers, mas amor platônico é um suplício.

Reféns do nosso comodismo, viciamos em prazeres rasos

Reféns do nosso comodismo, viciamos em prazeres rasos

Reféns da indisposição de pisar em terrenos distintos dos que nos parecem seguros, reduzimos a vida a um apanhado de situações previsíveis. É como se estivéssemos viciados no conforto que edredons, Netflix e individualismo proporcionam. Dá preguiça de correr 10 km para fortalecer o corpo e de amar mais vezes para engrandecer a alma. Ambos exigem comprometimento e entrega. Desacostumados com o que pede o mínimo de sacrifício, colecionamos prazeres rasos.

Será que o meu coração já virou pedra?

Será que o meu coração já virou pedra?

De saco cheio com a humanidade. Será que o meu coração já virou pedra? Só pode. Não o fumem, viciados! Quanto tempo perdido. Procuraram. Procuraram até encontrar a menina que estava desaparecida. Morta, aos seis. Foi num matagal, na periferia da cidade, entre latas, garrafas, cacarecos e muito lixo reciclável. Só a humanidade não muda. Farra para larvas e mosquitos. Ninguém segura a dengue. Ninguém segura a iniquidade humana. Nada me resgata do desencanto.