4 romances insólitos, brilhantes e hilários de Juan Pablo Villalobos que valem cada milésimo de segundo do seu tempo

4 romances insólitos, brilhantes e hilários de Juan Pablo Villalobos que valem cada milésimo de segundo do seu tempo

Entre a sátira e o absurdo, há uma literatura que não pede licença para entrar. Ela invade, desestabiliza e, no fim, nos faz rir do que talvez devêssemos temer. Juan Pablo Villalobos escreve assim, como quem aponta o dedo para o ridículo, mas com elegância. Como quem entende que o riso, às vezes, é uma forma de resistência. Seus romances não entregam conforto. Entregam espanto. Com leveza de linguagem e acidez de olhar, ele revela o que há de mais sério no que parece apenas engraçado.

Contos sobre mulheres vulneráveis de Jarid Arraes perdem-se em meio a lacração, militância exagerada e regionalismo afetado

Contos sobre mulheres vulneráveis de Jarid Arraes perdem-se em meio a lacração, militância exagerada e regionalismo afetado

“Redemoinho em Dia Quente”, a coletânea de narrativas curtas de Jarid Arraes, faz ecoar a voz da mulher sertaneja, clareia vidas marginalizadas e realça formas de resistência num misto de linguagem popular e identitária — e os problemas não se originam exatamente aí. Os contos de Arraes carecem de acabamento, apuro estético, coesão, estilo, verdadeira praga que acomete trabalhos da novíssima safra de escritores brasileiros, em especial “Jantar Secreto” (2016), de Raphael Montes; “Tudo É Rio” (2014), de Carla Madeira; e “A Cabeça do Santo” (2014), de Socorro Acioli. Sinal dos tempos? Toda literatura produzida será assim doravante?

O que dá medo não é o abandono, é a véspera

O que dá medo não é o abandono, é a véspera

Carla Madeira não escreve para consolar. Sua literatura não oferece redenção fácil nem explicações didáticas. “Véspera” começa com uma cena brutal — uma mãe abandona o filho na calçada —, mas o que importa não é o gesto, e sim o silêncio que o antecede. É nesse intervalo, incômodo e irreparável, que o romance mergulha. Com escrita contida, dolorosamente precisa, a autora explora as rachaduras familiares, as heranças invisíveis e os afetos malformados. Um livro necessário, não por responder, mas por iluminar o que geralmente fingimos não ver.

5 livros que só fazem sentido depois de duas garrafas de vinho e uma crise existencial

5 livros que só fazem sentido depois de duas garrafas de vinho e uma crise existencial

Nem toda leitura é para os dias de sol e juízo. Há livros que não se entregam ao leitor intacto, que exigem certa desordem, um desencaixe suave entre o que se pensa e o que se sente. São obras que não se abrem com pressa, nem com lucidez absoluta. Precisam de vinho, de um coração desarrumado, de uma noite sem rumo. E mesmo assim, não dizem nada claramente. São enigmas afetivos. Permanecem em silêncio até que o leitor vacile, escorregue, amoleça. E só então revelam sua fúria serena.

A obra-prima que fez milhões chorarem em silêncio está de volta à Netflix Divulgação / Universal Pictures

A obra-prima que fez milhões chorarem em silêncio está de volta à Netflix

Poucas histórias ousaram levar o espectador a um território tão inquietante quanto aquele explorado em “Uma Mente Brilhante”. Longe de ser uma simples adaptação biográfica, o filme dirigido por Ron Howard propõe um desafio: penetrar no universo de um homem cuja genialidade matemática convive, em silêncio, com uma percepção fragmentada da realidade. No relato sobre John Nash, a história se constrói como um jogo de espelhos, no qual a mente do protagonista reflete as verdades que apenas ele enxerga, e que, paradoxalmente, capturam também o olhar do público.