Sempre conseguimos subverter o conhecimento em nome do que quer que seja, em especial do que degringola em vantagem para nós e prejuízos para os outros. Matt Angel e Suzanne Coote dão vida a uma história algo hermética, que trata de assuntos íntimos demais, mas à medida que o enredo de “Hypnotic” (2021) toma forma, o espectador acha dentro de si os elementos que o ligam ao drama de uma personagem devastada por perdas, e ainda mais esmorecida depois que se depara com falsos salvadores.

Uma garota romântica, daquele romantismo imanente a tudo, deixa a música e o calor de Berkeley para se enfiar num conjugado, morando de favor com uma amiga, mas ainda assim feliz por estar em Nova York. Philippe Falardeau não tenta reinventar a roda, mas ainda assim (ou por isso mesmo) compõe um relato delicado e franco dos golpes de sorte e desventura de Rakoff em “My Salinger Year” (2020), onde aproveita para tecer comentários sutis, mas mordazes, acerca do docemente ruinoso jeito americano de viver.

Uma sátira de documentário que se propõe a estudar como os relacionamentos falham, o filme de Mateo Gil usa falas de cientistas de verdade para explicar teorias científicas que são comparadas às relações humanas. O centro da história é Manel, um professor assistente de física neurótico, que se apaixona por uma bela atriz em ascensão, chamada Elena. Mas sabemos desde o início que eles se separam, porque Manel faz um retrospecto para contar ao espectador como seu romance deu errado, comparando-o ao seu objeto de estudo: as leis da termodinâmica.

O cinema nos transforma em voyeurs. Assistimos imagens e roteiros sem poder interferir no desfecho. Quando o protagonista de um filme é um dos nossos — ou seja, fica vendo o que os outros fazem — a Sétima Arte nos transporta para dentro do drama. Trata-se do jovem ator Tye Sheridan, que interpreta Bart, recepcionista noturno de um hotel onde mulheres se hospedam para receber visitas clandestinas.