Você não vai conter suas lágrimas depois de assistir o romance mais bonito na Netflix Divulgação / Universal Pictures

Você não vai conter suas lágrimas depois de assistir o romance mais bonito na Netflix

A vida consegue ser sempre mais surpreendente que a arte. Deus é um roteirista deveras criativo e está sempre pronto para escrever as reviravoltas mais absurdas, de deixar qualquer crítico desacreditado. E foi a própria realidade que inspirou o tocante romance “Por Toda a Minha Vida”, adaptado para as telas por Todd Rosenberg e dirigido por Marc Meyers.

Mas Deus mantém um certo nível de afastamento de sua obra e, assim como em “Game of Thrones”, nem mesmo os protagonistas são poupados das tragédias mais fortes. “Por Toda Minha Vida” começa como uma comédia romântica leve, despreocupada e engraçadinha, que rapidamente cativa os espectadores, mas seu enredo sofre uma brusca virada para um melodrama a partir da segunda metade.

A história real de Solomon Chau e Jenn Carter estampou manchetes de jornais e perfis de redes sociais de todo o mundo em 2015, quando o casal protagonizou um emocionante casamento, adiantado por conta do estado de saúde do noivo, vítima de um agressivo câncer no fígado.

O filme de Meyers narra o relacionamento dos dois desde o começo, quando se conheceram em um bar. Acompanhamos a rápida conexão formada entre Sol (Harry Shum Jr.) e Jenn (Jessica Rothe) e seus divertidos e adoráveis encontros. Uma caminhada no parque, um jantar entre amigos. É difícil não se sentir fisgado pelo romance, já que Shum Jr. e Rothe têm atuações são espirituosas e fofinhas e uma química leve e incrível.

Minha cena favorita, embora soe clichê, é quando Sol pede Jenn em casamento ao ar livre, na companhia de músicos contratados e amigos, enquanto canta “Don’t Look Back in Anger”, do Oasis, música preferida do casal. Essa parte me lembra o clássico das comédias românticas “10 Coisas que Eu Odeio em Você”, mas com uma canção ainda mais legal. O pedido é ridiculamente adorável e emocionante. Nessa cena, em especial, sinto que a energia de Shum Jr. e Rothe bate bem forte.

Tudo muda quando Sol cai no chão do quarto após sentir uma forte dor abdominal. Neste momento, os espectadores já sentem o impacto da virada do enredo. A comédia dá lugar ao drama. No hospital, os médicos acreditam que ele esteja com úlcera. Jenn aguarda com um grupo de amigos a atualização do boletim, mas ela própria tranquiliza o grupo dizendo que não é nada grave. Ledo engano. Não demora para que os exames revelem algo muito mais grave: Sol está com um tumor maligno no fígado.

Dados da OMS revelam que mais de 900 mil pessoas foram diagnosticadas com câncer no fígado em 2020 e que a tendência da doença segue crescendo, com previsão de chegar a 1,4 milhão de pessoas diagnosticadas anualmente, até 2040. Um aumento de 500 mil casos por ano. Estudos mostram que asiáticos possuem maior incidência da doença. Sol, que tem origens asiáticas, acaba entrando para a triste estatística.

Devido aos tratamentos que debilitam Sol e aos altos gastos com hospitais e remédios, o casal precisa adiar o sonho do casamento. E é com ajuda da família e amigos que eles conseguem atravessar com algum ânimo a difícil jornada da luta contra o câncer.

O longa-metragem foi anunciado pela Universal em 2017 e só teve lançamento em 2020. Por um tempo, o roteiro ficou de molho na lista dos filmes nunca feitos de Hollywood. Depois de lançado, recebeu críticas  mistas de especialistas, mas foi absolutamente adorado pelos espectadores.

“Por Toda a Minha Vida” é um retrato comovente e encantador da história de amor real entre Sol Chau e Jenn Carter, que infelizmente durou pouco por conta do câncer. Tocante, o filme pode disparar alguns gatilhos, te fazer derramar algumas lágrimas e sentir dores no peito, mas não se preocupe, as dores são apenas emocionais.


Filme: Por Toda a Minha Vida
Direção: Marc Meyers
Ano: 2020
Gênero: Romance/Drama/Comédia
Nota: 9/10