Brutal e perturbador, filme na Netflix é uma aula de história e um pequeno diamante do cinema Divulgação / Nordisk Film

Brutal e perturbador, filme na Netflix é uma aula de história e um pequeno diamante do cinema

Parece não haver mesmo limite para a hediondez da guerra. Quanto mais se procura conhecer os efeitos de anos de conflitos sangrentos entre dois grupos antagônicos, mais difícil se torna a tarefa de conhecer a verdadeira história da humanidade, uma vez que concentra polêmicas incontáveis e segredos espúrios, da guerra e de um casamento. O norueguês Erik Skjoldbjærg desbrava em “Narvik” a página misteriosa de um enredo cujos capítulos projetam-se para a eternidade, sem chance de epílogo.

Poderoso e quase perfeito, obra-prima na Netflix faz o espectador entrar na alma dos personagens Julien Panié / Synapse Distribution

Poderoso e quase perfeito, obra-prima na Netflix faz o espectador entrar na alma dos personagens

Uma cena sintetiza o terror na França ocupada: policiais franceses, e não alemães, prendem um suspeito de ser judeu. Mas ele não é. Apenas trocou de identidade com seu ex-patrão joalheiro judeu para roubar-lhe os depósitos bancários. A troca de identidades foi um crime pontual em consequência de um acordo de guerra. O dono da joalheria, para escapar, transfere seus bens para o empregado, que deverá devolver tudo depois do conflito. O desdobramento é previsível.

Um banquete chamado Expedição Abissal

Um banquete chamado Expedição Abissal

Uma colher de Guimarães Rosa, uma pitada de Jorge Amado, alguns gramas de Carmo Bernardes, uma xícara de Gabriel García Márquez, mexa à vontade, solte a imaginação, deixe ao ponto, com muita poesia e inventividade. Assim nasceu, com preciosos e precisos toques autorais, “Expedição Abissal”, do jornalista Hélverton Baiano. Misturar os autores citados, salvo armado de extrema habilidade com as palavras, poderia resultar num Frankenstein literário. Obviamente, não foi o caso.

Profundamente filosófico e selvagem, filme na Netflix vai te levar para dentro e te perturbar por semanas Divulgação / Paramount Pictures

Profundamente filosófico e selvagem, filme na Netflix vai te levar para dentro e te perturbar por semanas

Nabil Elderkin registra as incorreções de corpos e mentes em irrefreável mutação, de almas que sofrem por tudo e por nada ao se deparar com sua natureza finita, num filme perturbador. “A Gangue” não deixa de ser uma canção sobre o ser e o nada da condição humana, particularmente numa fase em que partimos feito leões há muito enjaulados para cima da vida, sem saber muito bem em que medida a efervescência de nossos pleitos terá de submeter-se à necessidade da renúncia, mais e mais presente conforme os anos se sucedem.