A adaptação de “O Amigo”, romance de Sigrid Nunez premiado com o National Book Award, poderia seguir o caminho habitual das transposições literárias: resumir situações, amplificar conflitos e entregar emoções sublinhadas para garantir impacto. Em vez disso, o filme concentra sua atenção na formação de um vínculo improvável: uma mulher abalada pela morte de um amigo íntimo e um cão que perdeu o seu tutor.
David Leitch constrói um jogo de gato e rato dentro de um trem japonês, conduzindo uma comédia de ação que aposta em coincidências e timing físico. Com Brad Pitt em registro leve e um elenco afinado, a produção investe em diálogos rápidos, ritmo ágil e estética luminosa para sustentar encontros entre assassinos que disputam uma maleta. As disputas se revezam com piadas e observações sobre sorte, culpa e propósito, mantendo atenção constante sem depender de gravidade dramática artificial.
A história real do piloto Barry Seal revela um retrato satírico da América dos anos 1980, quando dinheiro, política e tráfico formavam um mesmo circuito de interesses. Dirigido por Doug Liman e protagonizado por Tom Cruise, “Feito na América” combina ritmo de ação e ironia amarga para examinar o pacto entre oportunismo individual e corrupção institucional. O resultado é uma narrativa sobre como o sonho americano se confunde com a busca incessante por vantagem e impunidade.
“Burlesque” é uma roleta que gira a glamurosa promessa de que um palco pode reinventar alguém, ou ao menos nos convencer disso por duas horas. O filme se apresenta como um cabaré que sonha ser Las Vegas, enquanto a narrativa se esconde por trás de paetês, aguardando que ninguém perceba sua falta de ousadia dramática. Só que nós percebemos, e, ironicamente, é exatamente aí que mora seu charme.
”Casa de Dinamite” inicia com uma premissa que imediatamente chama a atenção: uma ameaça nuclear contra os Estados Unidos e um elenco de autoridades governamentais, militares e civis responsáveis por gerenciar a crise. O filme adota uma estrutura narrativa fragmentada, conhecida como narrativa floral, na qual a história é contada a partir de diferentes perspectivas que deveriam se complementar, oferecendo ao espectador uma visão multifacetada do mesmo acontecimento.
