Pequena bula de como viver na pressa, com paz e muita ginga

Pequena bula de como viver na pressa, com paz e muita ginga

Hei essa proposição aí de cima é meio que absurda, né. Porque hoje — sem climas de sadomasoquismo, explicando logo de saída — a gente passa os dias inteiros chicoteados pelo tempo. A maldição dos segundos. Que jamais param nem pra respirar. Ou mesmo tomar uma água. Droga. Tempo, tempo, tempo, tempo, até a música clama. O fato é: não conseguimos, até o momento desarmar essas engrenagens confusas dos relógios da nossa existência, que bebem energéticos gasosos continuamente. E rodam em círculos, martelando as nossas atividades e tarefas, como filme de terror, na pressão. E na moral. Ninguém discute os domínios do tempo.

Breve diário do desencanto 2

O que faço não é importante. E não, isso não é um falso ataque de modéstia também falsa. É um fato. E bem difícil de admitir, então preste atenção: o que faço não é importante. Não tem nenhuma importância, nenhuma relevância. É comum e sou mais ou menos no que faço. Sobrevivo e isso é tudo. De qualquer forma, não vou ficar falando um tempão do que faço. Pelo menos não agora. Não, não agora. Você só precisa saber que trabalho em casa. Tenho prazos a cumprir, luto com a impressora, falo sozinha com o teclado que subitamente morre e me desespero quando a luz acaba e tenho trabalho a entregar. Você já viu esse filme mil vezes, morremos todos no final.

Era Uma Vez em Tóquio: a velhice é a pior das doenças

Era Uma Vez em Tóquio: a velhice é a pior das doenças

“Era Uma Vez em Tóquio” não é apenas uma obra-prima do cinema. Trata-se de um legítimo tratado cinematográfico sobre as consequências cruéis do envelhecimento. Sobre como a presença física dos seres humanos podem desvelar um abandono sentimental que se esconde, fingido e hipócrita, sob a capa da tradição familiar. Para Ozu, importante não é o suspense do que está por vir, mas sim o que está acontecendo. Ou melhor: o que já aconteceu. Suas personagens são ineptas em compreender o presente, que só adquire significância quando convertido em um passado resignante, do qual a ninguém é dado escapar.

Do risco de ser gentil em tempos grosseiros

Do risco de ser gentil em tempos grosseiros

“Sobe”, grita o homem correndo para o elevador lotado, prestes a iniciar sua viagem rumo ao topo do prédio comercial de 20 andares. A essa hora da manhã, perder o elevador significa chegar atrasado ao trabalho, então ele corre mais rápido. Nenhuma das tantas pessoas já embarcadas faz qualquer esforço para ajudá-lo em sua empreitada. Ninguém segura a porta de aço, ninguém aperta o botão que retarda a partida da nave, ninguém sequer lhe dirige um olhar de solidariedade e torcida, “corre, pobre diabo, você vai conseguir, eu acredito em você”. Nada. Ninguém.

As 10 fotografias mais tristes da história

Para se chegar ao resultado fizemos uma compilação de reportagens e listas publicadas por jornais, revistas, sites especializados em fotografia, fotojornalismo e história. O objetivo da pesquisa era identificar quais eram as dez fotografias mais tristes de todos os tempos. Obviamente que listas são sempre incompletas. Sabe-se que, como a percepção, a opinião — que foi a base da pesquisa —, é algo individual. Entretanto, as dez fotografias selecionadas, se não são unanimidades no meio jornalístico e fotográfico (e possivelmente não serão entre os leitores), são referências incontestes de alguns dos momentos mais cruéis da história.