Arquivos

O filme mais bonito que você vai ver na Netflix neste fim de semana Divulgação / Universal Pictures

O filme mais bonito que você vai ver na Netflix neste fim de semana

A seu modo, “O Céu de Outubro” espelha as várias mudanças que atravessa o gênero humano de tempos em tempos, e por se tratar de uma história da vida como ela é, prima por lances quase fantásticos. Joe Johnston compõe uma odisseia familiar com espaço de sobra para devaneios e temas sérios, e o roteiro de Lewis Colick ecoa os relatos vívidos de “Rocket Boys” (“meninos foguete”, em tradução literal; 1998), o primeiro volume da trilogia autobiográfica de Homer Hadley Hickam Jr. Lazer garantido e saudáveis reflexões.

Para ver hoje: joia europeia premiada em Cannes e indicada a 2 Oscars no Prime Video Divulgação / MUBI

Para ver hoje: joia europeia premiada em Cannes e indicada a 2 Oscars no Prime Video

Há vidas que avançam como quem aprende a cair: primeiro se mede a altura do tombo, depois se escolhe a direção. A couraça não nasce pronta; forja-se no atrito entre desejo e consequência. Ela caminha por uma cidade que não grita, observa-se como quem se surpreende no reflexo de uma vitrine ao entardecer, decide e desfaz, recomeça no instante seguinte. Nada aqui pede urgência, tudo cobra precisão: um cigarro sob o vento frio, um olhar que se demora, uma festa a que não se foi convidada, a impressão de que o tempo pode suspender-se por um segundo para que uma escolha caiba inteira no quadro.

Thriller britânico que revelou Daniel Craig como 007 está na Netflix Divulgação / Sony Pictures Releasing

Thriller britânico que revelou Daniel Craig como 007 está na Netflix

Há homens que se movem no crime como quem atravessa um salão de gala: passos medidos, olhar neutro, a consciência de que qualquer deslize é um convite ao desaparecimento. Não são os mais violentos, tampouco os mais vistosos, mas sabem onde pisar, e, sobretudo, onde não pisar. A vida, nesse espaço, é uma conta bancária de favores e ameaças, e o saldo pode evaporar numa única transação. É nesse terreno frágil, onde cada gesto é uma negociação silenciosa, que uma história de ascensão controlada começa a se desfazer, revelando o preço real de manter-se à margem do caos.

Uma pausa para rir: essa comédia na Netflix é tudo que você precisa hoje Divulgação / Universal Pictures

Uma pausa para rir: essa comédia na Netflix é tudo que você precisa hoje

Só depois que experimentam um grande susto é que Danny Donahue e Anson Wheeler, os marmanjos infantiloides que protagonizam “Faça o Que Eu Digo, Não Faça o Que Eu Faço”, começam a se dar conta de que precisam mudar e, afinal, tornar-se homens. David Wain faz de seu filme algo mais do que um besteirol ao castigar os costumes com graça e expor o ridículo dos (maus) hábitos de Danny e Anson, trintões mimados e irresponsáveis que, por uma deliciosa ironia, vão parar num instituição para menores em estado de perigo social.

Na Netflix, Blake Lively e Jude Law em um jogo de vingança que não dá respiro Divulgação / Paramount Pictures

Na Netflix, Blake Lively e Jude Law em um jogo de vingança que não dá respiro

Quando o cinema de ação abandona a fanfarra, resta o corpo em tensão e a respiração que falha. A câmera encosta no rosto que recusa brilho e transforma hesitação em método; em vez de prometer redenção, mostra processo, custo e consequência. Cada curva mal calculada, cada tiro atrasado, cada escolha sem glamour desenham disciplina sombria. O som substitui slogans, a proximidade expõe rachaduras. A jornada de uma sobrevivente encontra ritmo próprio e recusa manuais, preferindo risco, tato e uma ética da imperfeição, com responsabilidade a cada passo. Clara, sem atalhos.