Autor: Nelson Moraes

O melhores livros lidos em 2023 (Nelson Moraes)

O melhores livros lidos em 2023 (Nelson Moraes)

2023 não me foi um ano de leituras inesquecíveis, retumbantes, se falarmos daqueles livros em que você entra neles e sai outra pessoa. Na verdade o único livro capaz de fazer isso na vida de alguém é o livro de ocorrências em uma delegacia policial, mas felizmente não foi o meu caso. De todo modo fiz algumas descobertas bastante agradáveis, outras nem tanto – nada que eu possa dizer que tenha se configurado em uma experiência transformadora. Imagino que tenha sido o Millôr — me corrijam — que disse uma vez: “Se quiser literatura científica, fique com os livros mais atuais; se quiser ficção, prefira os mais antigos”.

Para que servem os comediantes?

Para que servem os comediantes?

Uns dizem que ele foi preso por causa de um trocadilho malsucedido numa piada política, que acabou interpretado como uma menção ao formato da genitália da rainha, e morreu decapitado. Outros, que ele deixou de fazer piadas pra tornar-se agente de comediantes itinerantes por todo o reino, tornando-se milionário e acabando assassinado por um cliente por conta de uma vírgula suspeita num contrato de participação de lucros.

Machado de Assis? Quem diabo é Machado de Assis?

Machado de Assis? Quem diabo é Machado de Assis?

Em lugar algum a não ser em sua mente esse emaranhado épico se desnovelou. Tudo se comprimiu em um prosaico sonho. E você tem que ser rápido nas lembranças senão os registros se diluem — sabe como é sonho. Helena, a doce bastarda; as aspirações desencantadas de Brás Cubas; as inúmeras e dúbias camadas de Dom Casturro, digo Camuso, Cas… como era mesmo o nome? Tudo começa a se evaporar. Como tantas referências puderam caber em seu sonho? Couberam, ora. Talvez excesso de leitura de Shakespeare, Xavier de Maistre e Laurence Stern para o seu TCC.

Escritor gosta é de apanhar

Escritor gosta é de apanhar

Quem ficou surpreso ao saber do barraco entre Gabriel García Márquez e Mario Vargas Llosa, acontecido em 76 (donde deduzimos que a Literatura Moderna não consiste apenas num soco no estômago do leitor: às vezes vale murro em olho de autor), é porque nunca soube de outros casos, tão mais apetitosos quanto abafados, também envolvendo literatos — e que chegam agora até você, com exclusividade.

Ota não merecia o tratamento que recebeu. E nós, que ficamos, não merecemos sua partida

Ota não merecia o tratamento que recebeu. E nós, que ficamos, não merecemos sua partida

Meu playground etário foi a década de 70, e nela, numa distraída sexta (lembro que saí da escola feliz pelo dia seguinte ser sábado e, principalmente, meu aniversário), topei numa banca, dei de cara e me apaixonei insanamente pela MAD, a ponto de começar a desviar dinheiro da (minha) merenda escolar pra manter aquele vício mensal. Além da devoção que passei a prestar aos fabulosos (míticos, pronto) artistas publicados pela revista, sempre fui fã do talento, da dedicação e da férrea teimosia de um certo Otacílio d’Assunção Barros, editor da versão brasileira e que esteve bravamente à frente da revista em todas as incontáveis enca(de)rnações editoriais por que ela passou.