Autor: Eberth Vêncio

Procura-se felicidade perdida. Recompensa-se bem a quem encontrá-la

Procura-se felicidade perdida. Recompensa-se bem a quem encontrá-la

O meu dia pela cidade já começa meio perdido. Zoeira, fumaça, barulho de motor, desempregados jogando baralho, as pessoas se odiando, tudo assim, numa péssima vibração. A cidade parece a desgraceira de sempre. Estranhos ao volante amaldiçoam-se como se já fossem da família. “Esse foi Deus que me deu”, diz o adesivo colado no para-brisas de um carro que avança o sinal vermelho. Nada posso naquele que me enfraquece. Há tíbias fraturadas no asfalto.

Não há mais vagas no céu para crianças que viram estrelinhas

Não há mais vagas no céu para crianças que viram estrelinhas

Caminhamos, sob anseios seculares, singulares, sem saber aonde é que isso tudo vai dar, se no oco vazio do peito ou na dança frenética das jugulares. Que os bons ares me traguem. Preciso, urgentemente, ser fumado. Dúvidas… Que me valham as dúvidas. Por elas, tragado até a guimba, eu sobrevivo, mais aceso do que nunca. Eu digo e repito: Nada disso é real.

Se vai pular o carnaval, não leia este texto

Se vai pular o carnaval, não leia este texto

À parte da embriaguez nauseante, do vapor fumegante da ureia nos becos, da trilha sonora de gosto discutível, das mãos bobas bancando as espertas, o que mais me surpreende nessa folia com doses cavalares é o exagero, a extravagância, o desligamento automático e massivo das massas cinzentas durante os quatro dias de feriadão (no mínimo), como se o país já fosse uma nação.