Autor: Eberth Vêncio

Ninguém te ama quando você está arruinado

Ninguém te ama quando você está arruinado

Encontrei o Léo Rosca-de-Trança chorando calado. Fazia dó. Estava sentado sozinho numa das mesas do seu estabelecimento comercial, o cigarro apagado entre os dedos, o queixo escorada num dos punhos, como se a cabeça pesasse uma tonelada. Tratores roncavam na rua. A padaria estava entregue às moscas.

Feio, sujo e malvado Troubles fear of laugh. Indoor shot of carefree attractive easter guy with curly hair and beard showing tongue and making funny face while standing over gray background, fooling around.

Feio, sujo e malvado

Não respondo perguntas difíceis a essa hora do dia. Vocês só sabem criticar o desgoverno. Um dia ainda acabam calados. Não pouparemos esforços para colocar os cadáveres nos trilhos, combater a liberdade de expressão e os baixos índices de patriotismo no sangue. Eu vi a cara da morte e ela chorava de medo. Eu renasci das tripas com a missão de cagar com tudo e moralizar a República dos Imolados.

Será mesmo possível que se morra de tristeza?

Será mesmo possível que se morra de tristeza?

A vida nada mais é do que a morte que vai ficando, que vai ficando, que vai ficando. Num asilo, perguntaram a um homem velho, um homem muito velho mesmo, se ele precisava de algo. Respondeu assim: “Vida. Eu preciso de um pouco mais de vida”. Todos os outros idosos que estavam presentes ao banho de sol riram do chiste.