Autor: Carlos Willian Leite

7 livros essenciais da literatura contemporânea espanhola

7 livros essenciais da literatura contemporânea espanhola

A literatura espanhola contemporânea, quando verdadeiramente inquieta, não se limita a repetir estruturas consagradas nem se satisfaz com o eco de glórias passadas. Ela se move em tensão — como se escrevesse atravessando uma névoa antiga. Há sempre um ruído de fundo, inaudível mas constante, que pode ser a memória da guerra civil, ou talvez o fardo residual de uma história que nunca foi plenamente elaborada. O que se percebe nesses romances é um pacto não verbal: não apressar o tempo, não evitar o silêncio, não ceder à tentação do conforto narrativo.

7 livros fundamentais da literatura argentina contemporânea

7 livros fundamentais da literatura argentina contemporânea

À primeira vista, pode parecer que a literatura argentina contemporânea se distanciou de seu passado monumental — dos labirintos especulativos de Borges, das ruínas afetivas de Cortázar, das tormentas morais de Sabato. Mas não é ruptura: é recalibração. A literatura atual não abandonou sua herança — apenas decidiu germinar em um terreno mais instável, mais perto do corpo, mais atento às falhas da linguagem e às rachaduras do mundo.

7 livros essenciais da ficção francesa atual

7 livros essenciais da ficção francesa atual

Não é que os temas tenham mudado tanto. Ainda estão lá o desejo, a morte, a exclusão, a identidade e o colapso social. Mas o modo como são narrados mudou — e isso faz toda a diferença. O romance francês contemporâneo, em sua melhor forma, abandonou a pose e a onipotência. Prefere agora a hesitação, a falha, a fragmentação. A velha busca pela universalidade deu lugar a uma escuta aguda do particular: um corpo que não aguenta, uma memória que dói, um pai que se apaga devagar, uma mulher que explode sem aviso.

4 leituras magníficas para sobreviver (e rir) das crises existenciais

4 leituras magníficas para sobreviver (e rir) das crises existenciais

Em certos dias, sobreviver é um verbo cansado — e rir, um gesto raro, quase clandestino. Entre o abismo da dúvida e o clarão repentino de um insight, livros podem funcionar como refúgio e ironia, compasso e desatino, um abraço que ri de si mesmo enquanto a tempestade ruge lá fora. Escolher o que ler quando tudo parece demais é como acender fósforos num quarto escuro: cada chama, um caminho breve para fora do labirinto, ainda que o riso venha torto ou atrasado.

O romance mais desconcertante e ferozmente inteligente publicado no Brasil em 2025

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O romance revisita “As Aventuras de Huckleberry Finn”, de Mark Twain, não com reverência — mas com lâmina. Não para amputar, mas para expor. O narrador agora é Jim, o homem escravizado que, na obra original, era apenas companheiro de travessia — uma figura marginal, funcional, quase caricata. Aqui, ele ganha corpo, memória, intelecto, ironia — e sobretudo, voz. Mas não uma voz unívoca ou redentora: a que emerge destas páginas é tensa, inquieta, por vezes contraditória, sempre consciente de sua posição precária no mundo.