“Calor Mortífero” é o mais recente thriller noir estrelado pelo talentoso Joseph Gordon-Levitt, uma adaptação cinematográfica do romance escrito por Jo Nesbø. Com um roteiro elaborado por Matt Charman e Roberto Bentivegna e sob a direção de Philippe Lacôte, o filme apresenta uma narrativa envolvente que explora temas de amor, traição e redenção. Levitt assume o papel de Nick Bali, um detetive profissional cuja vida pessoal é marcada por traumas profundos, especialmente a perda de sua família, o que lhe rendeu a infame alcunha de “The Jealousy Man” (O Homem Ciumento). Ele é retratado como um indivíduo socialmente inepto e um alcoólatra, um arquétipo clássico que, embora familiar, ganha nova vida na tela.
A trama se desenrola quando Nick, afastado de investigações de destaque, é secretamente contratado para investigar a morte de Leo (Richard Madden), que ocorreu durante uma escalada nas montanhas de Creta. À primeira vista, a morte parece um acidente, mas, à medida que Nick se aprofunda na investigação, descobre uma rede de assassinatos que se conectam a sua própria tragédia pessoal. Para ele, essa investigação não representa apenas mais um caso a ser resolvido, mas uma oportunidade de enfrentar seus demônios internos e, talvez, encontrar um propósito ou paz interior.
Os personagens que orbitam a vida de Nick são igualmente complexos. Leo, o falecido, aparece em flashbacks que revelam a dinâmica entre ele, seu irmão gêmeo Elias e a cunhada Penelope, interpretada por Shailene Woodley. À medida que a história avança, o espectador descobre que esse trio está entrelaçado em um triângulo amoroso que começou em Oxford. Penelope inicialmente se envolveu com Leo, mas foi enganada por Elias, que se passou pelo irmão para marcar encontros. Essa trama de amor e traição ressoa fortemente com as experiências passadas de Bali, atraindo-o para um caminho de redescoberta e confrontação.
Diferente de muitos thrillers noir que se situam em becos mal iluminados e delegacias sombrias, “Calor Mortífero” se destaca por seu cenário vibrante e ensolarado: a ilha de Creta. A estética mediterrânea e paradisíaca, com suas paisagens deslumbrantes e a atmosfera leve, cria um contraste intrigante com os temas sombrios que permeiam a narrativa. O filme utiliza elementos clássicos do gênero noir, como o detetive cínico e a femme fatale, e aborda temas como amor, ciúme e traição, mas se esforça para inovar ao romper com a estética tradicional do gênero.
A performance de Joseph Gordon-Levitt é um dos pontos altos do filme, proporcionando profundidade ao seu personagem. Sua habilidade de transmitir as complexidades emocionais de Nick Bali ajuda a manter a história ancorada na essência do thriller noir. No entanto, mesmo com seu talento e carisma, isso não foi suficiente para evitar que “Calor Mortífero” enfrentasse uma avalanche de críticas negativas. Com uma classificação de 5,6 no IMDb e apenas 19% de aprovação no Tomatômetro, o filme gerou um debate acalorado entre críticos e espectadores.
Curiosamente, apesar das críticas desfavoráveis, “Calor Mortífero” encontrou seu público. O longa-metragem tem se destacado no Prime Video, permanecendo no topo das listas de popularidade em cerca de 115 países, consolidando-se como um sucesso no streaming. Essa aparente contradição entre a recepção crítica e a aceitação popular levanta questões sobre as expectativas dos espectadores em relação aos thrillers e a busca por narrativas que, apesar de falhas, ainda conseguem ressoar emocionalmente.
Filme: Calor Mortífero
Direção: Philippe Lacôte
Ano: 2024
Gênero: Drama/Mistério/Romance/Noir
Nota: 8