Maior sucesso comercial da carreira de Brad Pitt, filme na Netflix levou 70 milhões de espectadores aos cinemas e arrecadou meio bilhão de dólares Jaap Buitendijk / Paramount Pictures

Maior sucesso comercial da carreira de Brad Pitt, filme na Netflix levou 70 milhões de espectadores aos cinemas e arrecadou meio bilhão de dólares

Uma praga de origem desconhecida varre o planeta com uma velocidade alarmante, transformando pessoas em zumbis sem deixar qualquer chance de defesa. Neste cenário caótico, o governo dos Estados Unidos convoca um ex-agente da ONU, agora vivendo tranquilamente como pai de família, para enfrentar essa ameaça global e garantir a sobrevivência da humanidade. Baseado no livro de Max Brooks, “Guerra Mundial Z” segue a linha de complicar ao máximo, em vez de explicar, criando um enredo cheio de camadas e mistérios.

O diretor Mark Forster, apoiado por quatro roteiristas, entre eles Matthew Michael Carnahan (responsável pelo aclamado “Mosul” de 2019, uma obra incisiva sobre o papel das forças americanas na Guerra do Iraque), constrói uma narrativa onde, além da urgência em salvar o meio ambiente, surgem teorias da conspiração de fundo religioso, tráfico de órgãos na Alemanha e a negligência das companhias aéreas, que permitiram a propagação de um vírus letal — uma cepa híbrida de meningite, varíola e H1N1 — ao não suspenderem suas atividades.

Forster entrega um filme que, apesar de parecer despretensioso e até absurdo em certos momentos, tem como foco principal o entretenimento, sem se apegar rigorosamente à precisão científica da narrativa proposta por Brooks, que nunca precisou de tal respaldo.

Conforme a trama avança, fica evidente que a infestação de zumbis é uma metáfora, por vezes sutil, em outras explícita, para discutir questões cruciais que Forster considera essenciais para a vida na Terra. Com um orçamento de 200 milhões de dólares, o diretor aproveita para adornar o extenso prólogo com imagens deslumbrantes do sol nascendo sobre o mar, abelhas em harmonia em suas colmeias e bandos de pássaros cruzando o horizonte, contrastando com o cotidiano frenético dos nova-iorquinos, sempre apressados e focados em suas vidas e ambições financeiras.

O ponto de virada surge quando o noticiário local anuncia que um grupo de cetáceos encalhou numa praia da Costa Oeste, um indício velado de que algo terrível está por vir. E, de fato, a tragédia se desenrola, mas apenas depois de a câmera nos levar por uma visita detalhada à casa dos Lane, conduzida pelo protagonista Gerry. Brad Pitt interpreta esse pacato cidadão que, por motivos obscuros, abandonou sua carreira nas Nações Unidas para se dedicar exclusivamente à família.

No entanto, as circunstâncias o forçam a voltar à ação, enfrentando inimigos muito mais perigosos do que jamais imaginara, após um policial em uma moto arrancar o retrovisor de seu carro em plena Quinta Avenida. A partir desse ponto, o caos toma conta, com monstros invadindo o Lower East Side e zumbis escalando barricadas em Israel como enxames de insetos, em cenas de ação alucinantes.

Alguns críticos enxergam em “Guerra Mundial Z” uma crítica sutil, mas afiada, ao governo de George W. Bush (2001-2009), embora, pessoalmente, eu acredite que os verdadeiros perigos do mundo estão muito além de líderes políticos pouco expressivos, seja nos Estados Unidos ou em qualquer outra parte do globo. A pandemia de covid-19, que se estendeu de março de 2020 até maio de 2023, é um lembrete claro disso. Como já dizia Churchill, há uma solução relativamente eficiente para lidar com demagogos e corruptos, mas para enfrentar ameaças invisíveis e mutantes, estamos em terreno muito mais incerto e perigoso.


Filme: Guerra Mundial Z
Direção: Marc Forster
Ano: 2013
Gêneros: Terror/Ação
Nota: 8/10