Cada um de nós possui a capacidade de surpreender e conquistar, um aspecto que a vida em sociedade frequentemente exige. O verdadeiro desafio é descobrir e expressar uma qualidade única e muitas vezes oculta que ressoe com os outros de maneira genuína. É necessário apresentar-se com humildade, ainda que por trás possa haver uma encenação, e convencer os outros de nossa grandeza sem parecer excessivamente interessado na opinião alheia.
Em momentos críticos, onde enfrentamos resistência, é crucial prestar atenção aos detalhes de nossa própria natureza que podem nos prejudicar. O objetivo não é apenas ser aceito, mas também mostrar que merecemos um lugar especial em determinados círculos.
Em “Truque de Mestre: O Segundo Ato” (2016), um dos elementos menos evidentes é a incessante busca dos protagonistas por destaque, o que adiciona uma camada de charme involuntário ao filme. Jon M. Chu captura a essência de personagens que, movidos por um desejo de escapar da realidade ou simplesmente por diversão, estão dispostos a tudo.
A trama evolui mostrando a crescente exaltação da irresponsabilidade e do caráter marginal do grupo, que se engaja em métodos não convencionais para promover a justiça social. Esse comportamento não é isento de críticas e, ao contrário, evidencia um sistema em crise, revelando verdades desconfortáveis sobre a falência iminente de um sistema cruel.
O roteiro bem elaborado de Ed Solomon revela que Dylan Rhodes, o agente do FBI interpretado por Mark Ruffalo, parece menos empenhado em prender o carismático quarteto de criminosos, cujo destino foi explorado no filme original de 2013, dirigido por Louis Leterrier. O novo antagonista, o bilionário Walter Mabry, interpretado por Daniel Radcliffe, introduz um enredo de captura de dados móveis que remete ao personagem de Morgan Freeman, agora livre, mas ainda sob o cerco de Rhodes.
A subtrama de vingança e mágoa, que parece diluída até o final, ganha força quando a verdadeira participação de Freeman no crime é revelada. Chu adota uma fórmula familiar, dividindo o grupo entre charme e sedução e liderança estratégica. Jack Wilder e Lula, interpretados por Dave Franco e Lizzy Caplan, representam o charme, enquanto J. Daniel Atlas e Merritt McKinney, vividos por Jesse Eisenberg e Woody Harrelson, assumem o comando.
A participação de Arthur Tressler, vivida por Michael Caine, fecha o ciclo da vingança iniciada no primeiro filme, conectando as pontas soltas e conferindo coerência ao enredo. “Truque de Mestre: O Segundo Ato” é um típico representante do cinema de entretenimento, equilibrando suspense e ação com elementos de comédia, e deixando espaço para uma futura sequência programada para 2023.
Filme: Truque de Mestre: O Segundo Ato
Direção: Jon M. Chu
Ano: 2016
Gêneros: Thriller/Comédia/Ação
Nota: 8/10