120 minutos de risadas: comédia romântica na Netflix é a escolha perfeita para o fim de semana Divulgação / Sony Pictures

120 minutos de risadas: comédia romântica na Netflix é a escolha perfeita para o fim de semana

William Shakespeare (1564-1616) é para o amor o que Abraham Lincoln (1809-1865) é para os direitos civis. Tendo isso em mente, “Pulando a Vassoura” une esses dois temas de forma leve e divertida, com uma pitada de humor irreverente e, o mais importante, sem subestimar a inteligência do público.

 Sob a direção de Salim Akil, o filme trata de assuntos delicados com uma abordagem que evita o drama pesado, optando por toques sutis de emoção que logo dão lugar a diálogos espirituosos e bem encaixados, especialmente durante o casamento, marcado por diferenças aparentemente irreconciliáveis entre os personagens.

A escravidão, uma das mais profundas feridas da história, persistiu por séculos, espalhando-se por quase todo o mundo graças à crueldade de homens inescrupulosos e à complacência dos que poderiam ter agido contra ela. Embora alguns eventos históricos sejam revisitados por estudiosos e artistas, lançando luz sobre dúvidas antes ignoradas, outros permanecem envoltos em mistério, revelando apenas fragmentos da verdade. Em 1619, a chegada dos primeiros africanos escravizados à colônia da Virgínia nos Estados Unidos marcou o início de um sistema opressor que duraria 246 anos, superando até mesmo a luta pela independência, liderada por George Washington (1732-1799), entre 1774 e 1776.

Ironicamente, o processo de colonização britânica começou justamente na Virgínia, de onde se espalhou para todo o território norte-americano, impulsionado pelo êxodo em massa de colonos puritanos a partir de 1620. A independência dos Estados Unidos foi formalmente declarada em 4 de julho de 1776, libertando a nação de um reino que a via apenas como uma fonte de recursos naturais, necessária para sustentar uma ilha pequena e de solo pouco fértil.

No centro da trama está Sabrina Watson, uma mulher cuja beleza muitas vezes afasta os homens mais sérios. Grande parte do charme do roteiro de Arlene Gibbs e Elizabeth Hunter reside na atuação de Paula Patton, que equilibra a melancolia inicial de Sabrina com o entusiasmo de encontrar, de maneira inesperada, o homem dos seus sonhos. Após cinco meses de relacionamento, ela revela seu desejo de aceitar uma proposta de trabalho na China, e, para sua surpresa, Jason Taylor, o homem ideal, decide acompanhá-la.

 Entre esses dois momentos, o filme de Akil explora as tensões entre as famílias, ambas negras, que se confrontam movidas por preconceitos de classe. Em meio a isso, Shonda, a melhor amiga da mãe de Jason, vivida por Loretta Devine, apresenta uma teoria peculiar sobre a riqueza dos pais de Sabrina, ligando-a ao uso de bidês na propriedade dos Watson em Martha’s Vineyard, local de veraneio de personalidades como os Obama e os Kennedy.

No clímax do filme, o título é finalmente explicado, revelando também um segredo sobre a verdadeira identidade de Sabrina. Ao lado de Paula Patton, Laz Alonso entrega uma performance sólida, apesar de o enredo focar nas experiências e perspectivas femininas.


Filme: Pulando a Vassoura
Direção: Salim Akil
Ano: 2011
Gêneros: Comédia/Romance/Drama 
Nota: 8/10