Eu sei que existe uma febre de romances adolescentes obscuros, que começou com “Crepúsculo” e parece ter perdido as estribeiras. De lá para cá, é tanta história parecida, uma puxando elementos da outra, que a originalidade dos romances adolescentes parece ter chegado ao fim. “50 tons de Cinza”, “After”, “Através da Minha Janela”, “O Fabricante de Lágrimas”… é até difícil lembrar todas. Histórias que viraram fenômenos das prateleiras de livros (ou do Wattpad) e que chegaram aos streamings chutando portas.
“Maxton Hall” reúne influências de todas essas séries de sucesso. Escrita por Mona Kasten e pertencente à série “Save me”, o programa de televisão de origem alemã, transmitido no Prime Video e dirigido por Tarek Roehlinger e Martin Schreier, ainda mistura elementos de “Gossip Girl” e “Elite”. Bata tudo isso no liquidificador e você não terá um produto final exatamente original. Mas dê uma chance, os alemães são bons de serviço e tem lançado séries ótimas. “Maxton Hall” pode não ser ótima, mas é uma boa série, que prende a atenção do início ao fim e, o melhor de tudo, tem apenas seis episódios. Você assiste tudo de uma vez e nem vê o tempo passar.
Com um elenco de encher os olhos, tanto pelas beldades quanto pelo talento delas em tela, o enredo gira em torno do romance entre Ruby Bell, uma aluna exemplar, bolsista no colégio de elite Maxton Hall. Interpretada por Harriet Herbig-Matten, que parece ser parente da Carolina Dieckman, a garota de apenas 21 aninhos consegue se passar bem por uma garota de beleza comum, de família pobre, que junta trocados para comprar um elevador de escada para seu pai paraplégico e é invisível na escola (para seu próprio bem).
É claro que por trás do rosto lavado, do cabelo sempre de nó para trás e do figurino de estudante, Herbig-Matten é lindíssima. Na metade dos episódios a gente descobre que ela esconde um trauma profundo e que tem relação com o acidente que deixou seu pai em uma cadeira de rodas. Mas, voltemos ao primeiro episódio, em que ela descobre que seu professor favorito, Graham Sutton (Eidin Jalali), está tendo um caso com Lydia Beaufort (Sonja Weißer), herdeira de um império da moda.
Embora Ruby não tenha intenção de expor o casal, Lydia, que é especialista em escândalos — como a classifica o próprio pai, o magnata insensível e pai explosivo Mortimer Beaufort (Fedja van Huêt) — está paranoica e pede ajuda do irmão e leal escudeiro, James (Damian Hardung). O rapaz, que embora se assemelhe a um deus grego, não tem nada de divino, mas é um tanto diabólico, porque decide infernizar a vida de Ruby.
Mas, claro, o roteiro é previsível e a gente sabe que os dois vão, em algum ponto, se apaixonar. Mas a história de Romeu e Julieta, o casal de mundos opostos que não podem ficar juntos vai render muita polêmica no decorrer dos episódios. E aqui eu preciso ressaltar a química entre o casal, que é verdadeira. Além das intrigas, que não são cansativas, mas conseguem dar um apoio à história e origens dos personagens, amarrando as pontas da melhor forma possível.
Dos novos romances que tem causado polvorosa entre a população adolescente, “Maxton Hall” é possivelmente um dos mais divertidos e menos bobos. Ao contrário de “O Fabricante de Lágrimas”, não há aquela sensação de vergonha alheia quando seus personagens conversam. Os diálogos parecem um pouco mais realistas e substanciais. Os personagens geram interesse no público, a história cativa. Vale a pena assistir.
Série: Maxton Hall: O Mundo Entre Nós
Direção: Tarek Roelinger e Martin Schreier
Ano: 2024
Gênero: Romancee
Nota: 8/10